Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Cuidados com as vacinas para Covid-19 em pacientes com doenças autoimunes

O que considerar sobre eficácia e segurança de vacinas contra o coronavírus em pessoas com lúpus, artrite reumatoide e afins. E quais os caminhos futuros

Por Gecilmara Salviato Pileggi, reumatologista*
11 jan 2021, 11h16
Foto de dose de vacina da covid-19
As vacinas contra o coronavírus levantam questões específicas para pacientes com doenças autoimunes. (Foto: Hakan Nural/Unsplash/Divulgação)
Continua após publicidade

A pandemia de Covid-19, causada pelo Sars-CoV-2, impôs um novo formato de vida para todos. Com as boas notícias sobre as vacinas, a população passou a vislumbrar uma vida mais parecida com a de antes. E, inseridos nessa realidade, estão pacientes que já travam uma batalha contra as chamadas doenças reumáticas autoimunes — aquelas em que o sistema imunológico passa a produzir anticorpos contra seu próprio organismo. O lúpus eritematoso sistêmico e a artrite reumatoide são dois exemplos. O que nos resta saber é se os pacientes com essas doenças especificamente podem se beneficiar de vacinas contra o coronavírus.

Veja: o objetivo de uma vacina é provocar o sistema imunológico a produzir anticorpos para se defender contra algum agente infeccioso. Mas, se o sistema imune está parcialmente comprometido — como é o caso das pessoas com doenças autoimunes —, as doses vão gerar uma resposta efetiva, adequada e duradoura?

Essa é uma questão que exige mesmo cautela. Além da preocupação com a efetividade da resposta às vacinas, a segurança tem que ser priorizada. As pesquisas devem observar a ocorrência de possíveis eventos adversos entre indivíduos com doenças autoimunes especificamente, assim como vêm fazendo com a população em geral. Nesse grupo de pacientes, também é preciso considerar a atividade da doença de base e quanto ela sofre alterações frente à imunização.

Esse processo não significa que pessoas com lúpus, artrite reumatoide e outras condições similares não poderão ser vacinadas contra a Covid-19. As vacinas são, sem dúvida alguma, o instrumento mais eficaz para combater a pandemia. Mas o fato é que evidências científicas são fundamentais para traçarmos recomendações mais assertivas, considerando a segurança desses pacientes e a garantia de que realmente estarão protegidos do vírus após receberem suas doses. Para encontrar essas respostas, são necessários estudos mais aprofundados com todas as vacinas discutidas até o momento, uma vez que nenhuma abrangeu “grupos especiais” – com comprometimento do sistema imune, entre os voluntários.

É de conhecimento público que as diferentes vacinas testadas contra a Covid-19 não têm em sua formulação componentes vivos atenuados. Esses estão presentes, por exemplo, nas vacinas tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), na BCG (tuberculose) e na voltada contra a febre amarela. É uma boa notícia para os pacientes que estão em tratamento contra doenças autoimunes, porque, em geral, este tratamento envolve medicamentos imunossupressores e, mesmo quando os componentes estão “enfraquecidos” para entrar na formulação de uma vacina, eventualmente podem disparar a doença infecciosa que se propõe a defender em pessoas imunossuprimidas. Trata-se de uma preocupação a menos, portanto.

Continua após a publicidade

Ter cautela também não significa que é preciso criar vacinas específicas para os imunossuprimidos. No entanto, o acompanhamento médico é essencial para avaliar o grau de atividade da doença e se é realmente a hora de aplicar uma dose qualquer.

Agora que vacinas foram aprovadas e começam a ser aplicadas em massa na população, devemos ter evidências mais robustas sobre a eficácia e a segurança. Isso dará mais respaldo aos profissionais da saúde para recomendarem uma ou outra aos pacientes com doenças autoimunes. Neste ínterim, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) emitiu um posicionamento com orientações específicas para a vacinação neste grupo de pacientes, considerando todas essas questões relevantes.

Atualmente, é difícil fazer qualquer tipo de recomendação enfática a esse grupo. Há inclusive o receio de que um imunizante pouco eficaz para essas pessoas especificamente resulte em uma falsa sensação de proteção. Ao receber suas doses, o paciente se sentiria seguro e abandonaria recomendações sanitárias e de prevenção comprovadamente benéficas.

Continua após a publicidade

Mesmo com a esperança advinda das vacinas, todos os protocolos de saúde, como uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social e a fuga de aglomerações, devem ser mantidos. A pandemia não estará resolvida até que o último cidadão do mundo tenha sido vacinado.

*Dra. Gecilmara Salviato Pileggi é coordenadora da Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas da Sociedade Brasileira de Reumatologia, membro da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR) e professora na Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos (Facisb).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.