Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Acromegalia: desconhecimento ainda retarda o diagnóstico

Médica explica o que é essa doença rara, que leva ao crescimento de estruturas do corpo, e por que a detecção precoce faz diferença no tratamento

Por Nina Musolino, endocrinologista*
Atualizado em 17 nov 2020, 13h59 - Publicado em 17 nov 2020, 09h39

A palavra acromegalia vem do grego “akron”, que significa extremidade, e “mega”, que quer dizer grande. Autoexplicativa, a denominação dessa doença se justifica porque faz alusão aos seus principais sintomas e manifestações: crescimento exacerbado de mãos e pés, queixo, língua, orelhas e nariz, espaçamento entre os dentes e embrutecimento das feições.

A maioria dos casos de acromegalia decorre de um tumor benigno na hipófise, glândula no cérebro responsável pela produção de diversos hormônios, entre eles o do crescimento (GH). É o excesso desse hormônio no organismo que provoca as alterações físicas, que não são as únicas consequências do distúrbio. Pacientes com acromegalia podem também apresentar dores articulares e outros problemas de saúde como diabetes, hipertensão e insuficiência cardíaca, capazes de reduzir sua qualidade e expectativa de vida.

Se, por um lado, entendemos melhor o que a acromegalia pode acarretar, ainda existem desafios para superarmos. Infelizmente, o diagnóstico precoce é falho, apesar de ser relevante para o controle da doença e seu agravamento. Embora a detecção possa ser facilmente confirmada pela dosagem do IGF-1, hormônio produzido pelo estímulo do GH, os pacientes costumam ficar de sete a dez anos sem que a condição seja identificada. Um dos motivos é justamente o fato de os sintomas serem diversos e de desenvolvimento lento.

Cabe esclarecer que a condição não é hereditária, manifestando-se esporadicamente na grande maioria dos casos. Por desconhecimento, o paciente ou a família associa as mudanças na aparência a algo natural no processo de amadurecimento e envelhecimento e demora a procurar ajuda médica.

Continua após a publicidade

Também percebemos a dificuldade dos profissionais de saúde em fazer a suspeita clínica da condição e a carência de centros de referência, onde os pacientes, uma vez diagnosticados, possam receber o tratamento adequado, inclusive disponibilizando cirurgiões especializados e com experiência.

Ainda que seja rara — estima-se que a doença afete entre 28 e 137 pessoas por milhão no mundo —, a acromegalia merece nossa atenção. Mesmo porque, apesar de sua incidência ser mais prevalente entre os 30 e os 50 anos de idade, ela também atinge crianças e jovens, situações que podem apresentar o gigantismo como principal manifestação.

Um dos lados positivos nesse cenário é que há tratamentos para a acromegalia disponíveis no SUS. Além de cirurgias para a retirada do tumor no cérebro e radioterapia, existem medicamentos que podem ser indicados — caso do agonista dopaminérgico que reduz o GH, prescrito para casos com pequena elevação do GH e IGF-1 e de eficiência mais baixa; os análogos da somastatina, que atuam de forma mais eficaz na redução da produção do GH e mesmo do tamanho do tumor; e o antagonista do GH que, por bloquear os receptores do hormônio do crescimento, reduzem sua ação no organismo.

Continua após a publicidade

Algumas dessas medicações também são fornecidas pelo SUS (como o agonista da dopamina e os análogos da somatostatina de primeira geração). O controle da doença pelos diversos tratamentos isolados ou em associação leva a melhoras dos sintomas e a redução da mortalidade. Para isso, precisamos fazer o diagnóstico. E a conscientização da população e do próprio meio médico é fundamental.

* Nina Musolino é endocrinologista e médica supervisora da Divisão de Neurocirurgia Funcional do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.