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A peste bubônica pode voltar a ameaçar o mundo (e o Brasil)?

Após três casos da doença na Ásia, falamos com experts para saber se a bactéria por trás de uma das mais mortais epidemias da história gera preocupação

Por Chloé Pinheiro
28 nov 2019, 15h36

Faz pouco tempo, o noticiário internacional registrou três casos de peste bubônica ou pneumônica na China. Transmitida por uma bactéria que vive em roedores selvagens e suas pulgas, a doença matou cerca de 50 milhões de pessoas no século 14, quando era chamada de Peste Negra (um termo que caiu em desuso atualmente).

“Os três casos recém-diagnosticados ocorreram após a caça de um coelho silvestre no interior da Mongólia”, comenta Eduardo Medeiros, infectologista e presidente da Sociedade Paulista de Infectologia.

Além de transmissões isoladas em áreas rurais, essa infecção causada pela bactéria Yersinia pestis é endêmica em países com saneamento básico precário. Entre eles, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca Peru, Congo e Madagascar, ilha africana que registrou a epidemia mais recente de peste bubônica. Em 2017, 2 417 pessoas contraíram a doença por lá, e 209 morreram.

Felizmente, hoje há um tratamento eficaz e simples, o que reduziu demais as taxas de mortalidade. E os surtos são raros, geralmente associados ao contato com roedores silvestres.

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A peste pode voltar a virar uma pandemia?

A OMS chegou a classificá-la como uma infecção re-emergente em 2018, depois de registrar 3 248 casos no mundo entre 2010 e 2015, com 584 óbitos. A entidade alertava, contudo, que o número poderia ser maior, pois há uma tendência de subnotificação — e animais que carregam a Yersinia pestis existem em todos os continentes, com exceção da Oceania.

No Brasil, o último registro em seres humanos é de 2005. Porém, como a infecção persiste nos roedores silvestres, a peste deve ser considerada um “perigo em potencial”, segundo o Ministério da Saúde. Aqui existem dois focos naturais da bactéria: a região Nordeste e o município de Teresópolis, no Rio de Janeiro.

Mesmo os Estados Unidos lidam com casos eventuais. Em 2015, foram 11, com três mortes.

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Em resumo, o cenário chama a atenção das autoridades, mas não é o caso de gerar pânico. “Hoje, além da questão do tratamento, o diagnóstico é rápido, o que diminui muito a mortalidade da doença”, aponta Paulo Olzon, infectologista pela Universidade Federal de São Paulo. “Quando ela fez estragos no passado, não tínhamos nada disso”, completa.

O que é a peste e quais seus sintomas e tratamentos?

A bactéria Yersinia pestis pode provocar diferentes consequências. A manifestação mais comum é a peste bubônica, chamada assim por causa do bubão, um aglomerado de nódulos inflamados que se forma geralmente na virilha depois que a pulga abandona o roedor e pica o ser humano.

Agora, alguns sintomas pipocam antes dessas erupções. São eles: febre alta, dores de cabeça e corporais intensas, falta de apetite, náusea e vômitos.

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Menos comum e mais perigosa, a peste pneumônica ocorre em pacientes que já sofreram com a bubônica. Ou pode ser transmitida de pessoa para pessoa, por secreções e gotículas no ar. “Aí, desencadeia uma pneumonia grave, que evolui rápido”, diferencia Medeiros. Entre os sinais, surgem dor no tórax, dificuldade para respirar e tosse com sangue.

Na versão mais grave, a peste septicêmica, há necrose nas mãos e nos pés. O risco de morte é grande.

Supondo que alguém apareça no hospital com sintomas da peste, o primeiro passo é isolá-la completamente. A enfermidade — seja pela respiração, pelo sangue ou pela secreção que sai do bubão — é bastante contagiosa.

“O paciente com suspeita fica numa unidade separada, e os profissionais que lidarão com ele devem usar roupa especial, óculos de proteção e máscaras especiais que filtram pequenas partículas”, ensina Medeiros.

O tratamento é feito com antibióticos, que são mais eficazes se aplicados até 15 horas depois de surgirem os sintomas.

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A próxima pandemia

Para os especialistas, há outras ameaças mais palpáveis do que a peste. “Como o próprio sarampo, por exemplo, que retornou depois de ter sido erradicado do país e também mata”, destaca Medeiros.

Outro vírus que deve ser vigiado constantemente é o influenza, responsável pela gripe. Ele sofre mutações importantes com frequência e, a cada uma, tem potencial para criar uma nova epidemia até que o sistema imune aprenda a se defender. Esse é um dos motivos pelos quais a composição das vacinas contra essa encrenca muda anualmente.

“Também destacaria as infecções respiratórias que são transmitidas por aves e causadas por agentes que ainda não conhecemos”, comenta Olzon. A OMS inclusive conta com uma categoria chamada “doença X” em seu radar. Ela serve para alertar profissionais de saúde sobre a possibilidade de um micróbio inédito fazer estrago.

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Por último, Medeiros cita as bactérias e fungos multirresistentes. “Essas são um problema seríssimo e que tem aumentado”, alerta o médico. Este ano, pesquisadores brasileiros identificaram uma delas fora do ambiente hospitalar, onde costumam residir.

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