Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Mais da metade dos brasileiros não usa camisinha, mostra pesquisa

Pesquisa a que a revista Saúde teve acesso com exclusividade conclui que mais da metade dos brasileiros não veste a camisinha.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 1 mar 2023, 11h16 - Publicado em 11 ago 2013, 22h00
Reportagem: Joana Alves / Edição: MdeMulher
Reportagem: Joana Alves / Edição: MdeMulher (/)
Continua após publicidade

52% dos brasileiros nunca ou raramente usam camisinha
Foto: Getty Images

Apesar de a camisinha representar o método mais seguro de prevenção ante as DSTs, além de ser um dos jeitos mais baratos de impedir uma gestação, ela vem sendo deixada de lado em território nacional. A revista SAÚDE teve acesso em primeira mão a um levantamento da Gentis Panel, empresa especializada em pesquisa de mercado, que entrevistou mais de 2 mil pessoas de todas as regiões do Brasil e obteve resultados preocupantes: 52% dos brasileiros nunca ou raramente usam preservativos, 10% utilizam às vezes e só 37% se protegem sempre ou frequentemente. “O estudo deixa claro, por exemplo, que a maior parte da população já esteve exposta ao HIV”, analisa Guilherme Cerqueira, diretor de marketing da Gentis Panel.

O curioso é que esses números evidenciam um enorme paradoxo: o Ministério da Saúde aponta que mais de 95% da população sabe que a camisinha é o modo mais eficiente de não contrair o vírus da aids. Então, o que estaria levando jovens e adultos a ignorarem uma maneira tão prática de se defender do HIV e de outras doenças?

A resposta não é simples e os motivos são muitos. Enquanto os adolescentes não parecem dar a devida importância ao preservativo, chegando inclusive a pensar que as DSTs são facilmente remediáveis, os mais velhos pecam pela falta do hábito de colocá-lo. “Eles iniciaram a vida sexual sem aprender a usar a camisinha. Assim, têm dificuldade em fazer disso um costume”, explica a psiquiatra Carmita Abdo, de São Paulo.

Continua após a publicidade

A distribuição gratuita de camisinhas masculinas só começou no país em 1994, junto com os programas de combate à aids. Isso explicaria por que aqueles que não foram bombardeados com essas informações na sua juventude não lhe dão tanto valor hoje em dia. Ainda nos anos 1990, a chegada de remédios que garantem a ereção deu um gás, sem querer, para que o sexo descuidado acontecesse ainda mais. “Quando não havia acesso a esses medicamentos, os homens tinham menos relações ou faziam sexo sem penetração, diminuindo o risco de contrair doenças”, contextualiza Carmita.

Mulheres desprevenidas

Mas não é apenas a ala masculina que faz vista grossa ao método. Segundo a pesquisa da Gentis Panel, 51,8% das mulheres abrem mão do contraceptivo na hora do rala e rola. “Muitas vezes, elas não se protegem devido a uma resistência do parceiro, que deixa de usar o preservativo por achar que ele vai diminuir o prazer ou interferir na ereção”, justifica a ginecologista Marta Franco Finotti.

Outro fator que acabou depondo contra a camisinha foi a popularização da pílula anticoncepcional, que desde a década de 1960 permite às mulheres transar sem se preocupar em engravidar. É aí que está o perigo: muitas delas tomam o comprimido e não usam outros métodos. “Elas estão mais preocupadas em evitar a gravidez do que com as consequências de ter uma relação desprotegida”, alerta Marta. Lembre-se: a pílula não previne DSTs.

Aliás, quem pensa que herpes, sífilis e clamídia são encrencas passageiras, consertadas com qualquer pomadinha, que se cuide. Elas podem gerar consequências sérias, de deformações a infertilidade. “Além da aids, há outras doenças que comprometem a saúde e agem silenciosamente. As DSTs não se resumem a HIV e HPV”, reforça Carmita.

Continua após a publicidade

Por falar em HPV, vale ressaltar que a camisinha tem um papel a cumprir diante do papilomavírus humano, responsável pela maioria dos casos de câncer de colo de útero nas mulheres e outras chateações nos homens, como a formação de verrugas no pênis. Apesar de a vacina ser a forma mais eficiente de frustrar o ataque do vírus, a camisinha ajuda a diminuir o risco de contágio, desde que, é claro, seja utilizada corretamente. “O problema é que, muitas vezes, o rapaz coloca o preservativo apenas no momento de ejacular, quando já houve contato prévio sem nenhum tipo de proteção”, observa Marta. Nesse momento, o HPV migrou de um parceiro para o outro faz tempo.

Foco nos mais novos

O levantamento sobre o uso de preservativos no Brasil denuncia que, entre aqueles que não se protegem, 28% têm de 20 a 29 anos. A questão é que, ao contrário dos mais velhos, esses cresceram ouvindo, na TV ou na escola, a necessidade de pôr o preservativo. O que justificaria índice tão alto nessa faixa? “Há quatro fatores determinantes: álcool, drogas ilícitas, dificuldade de conciliar a ereção com a camisinha e não ter o preservativo na hora da relação”, enumera Carmita.

As meninas ainda têm uma preocupação muito maior em escapar de uma gravidez do que das DSTs em si, o que também é demonstrado pelo uso indiscriminado da pílula do dia seguinte. Para complicar, além da liberdade sexual, muita gente cai na cilada de imaginar que, com os avanços da medicina, a aids é facilmente controlada hoje.

Tudo isso reforça aquele sentimento típico do adolescente de que nada acontecerá com ele. Daí a importância não só de campanhas, mas principalmente do diálogo dentro de casa. “O ideal é conversar sempre e responder às dúvidas dos filhos de forma correta”, orienta o ginecologista Nelson Gonçalves, de São Paulo. Essas atitudes contribuem para formar pessoas conscientes e, sempre com um preservativo por perto, mais preocupadas com a sua saúde e a do seu parceiro.

Continua após a publicidade

Proteção não tem idade

A pesquisa da Gentis Panel mostra que 63% dos indivíduos de 60 a 80 anos estão no grupo que se abstém do sexo seguro. Não à toa, os casos de infecção por HIV nos mais velhos dobraram na última década, de acordo com o Ministério da Saúde. “E ainda há muitos médicos que negligenciam a sexualidade de seus pacientes idosos”, opina a geriatra Maria Zali Borges.

Teste de HIV: ele também foi esquecido

O levantamento com a população brasileira constatou que, em 52% dos casos, pelo menos um dos parceiros não se submeteu a esse exame, e 61,5% dos casais só o fizeram após transar sem preservativo. Entre os solteiros, 70% raramente exigem o teste antes de irem para a cama sem proteção. “As pessoas davam mais atenção ao método quando não havia promessa de tratamento para aids”, afirma Carmita Abdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.