Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Limpe a sua língua!

A faxina dela é ignorada por boa parte da população - que, aí, fica sujeita a mau hálito e infecções. Hora de rever as práticas de higiene bucal

Por André Biernath
Atualizado em 26 mar 2018, 14h41 - Publicado em 6 Maio 2016, 08h30

Com o perdão do trocadilho, o limpador de língua não está na boca do povo. A pesquisa “O que os brasileiros sabem sobre saúde bucal”, coordenada por SAÚDE, revela que apenas 34% dos 1 818 entrevistados têm o hábito de usá-lo. “Apesar de os primeiros higienizadores datarem do século 16, eles só ganharam atenção a partir dos anos 1980, quando chegaram aos Estados Unidos por meio de imigrantes indianos”, traça a trajetória do instrumento o dentista Vinícius Pedrazzi, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Ok, o quadro histórico até ajuda a entender por que os limpadores ainda não decolaram aqui. Mas há outro motivo por trás da sua falta de popularidade: as pessoas se satisfazem com a limpeza dos dentes… e se esquecem de uma estrutura que vive em contato com eles, a língua.

Higienizar a boca e negligenciar a língua é o mesmo que fazer a faxina da sala e deixar o tapete todo sujo. O limpador é a melhor ferramenta para remover a saburra, a pasta branca que se deposita no músculo (sim, a língua é um músculo). “A saburra é formada por células descamadas, sobras de alimentos e bactérias”, descreve o dentista Maurício Duarte da Conceição, autor do livro Bom Hálito e Segurança! Metas Essenciais no Tratamento da Halitose (Arte em Livros). Os micro-organismos que vivem ali se alimentam de restos orgânicos e liberam os compostos sulfurados voláteis (CSVs), responsáveis pelo mau hálito – aliás, 60% dos casos de halitose são resultado fedorento da tal saburra.

Como a crosta esbranquiçada abriga bactérias, ela é capaz de propiciar infecções em outras áreas do corpo. Indivíduos suscetíveis, como os internados em UTIs, ficam mais propensos a pneumonias, por exemplo. Sem contar que saburra em excesso chega a encobrir as papilas gustativas, o que acaba mascarando o sabor da comida. Com o paladar enganado, os exageros nas pitadas de sal e açúcar são mais frequentes – e isso abre as portas para o aumento da pressão, o ganho de peso… “Ao retirar esse material, o limpador afasta de mau hálito a problemas mais sérios”, ressalta a dentista Cristiane Yumi, da Universidade Estadual Paulista, em São José dos Campos.

E não adianta apelar para a escova e esfregar a língua. Um estudo da USP de Ribeirão Preto mediu a presença dos CSVs no hálito de dez voluntários após o uso de escova ou do limpador. Enquanto as cerdas reduziram os compostos malcheirosos em 45%, o instrumento próprio para essa finalidade diminuiu a concentração em 75%. “A escova ainda pode causar desconforto ao tocar a região perto da garganta, provocando ânsia e vômito”, diz Pedrazzi, líder do trabalho. Alguns modelos até levam um raspador na parte traseira das cerdas, mas, por serem pequenos, não dão conta do recado. Fato.

No momento de comprar o limpador, preste atenção em certas características. Prefira os modelos de plástico ou borracha aos de metal, já que são duradouros e fáceis de limpar. Os tipos mais ergonômicos são os que possuem a cabeça redonda ou têm formato em V. Fuja daqueles com a base muito fina, pois há o risco de cortar a língua. “Também é importante comprar raspadores que respeitem o tamanho da boca, especialmente no caso das crianças”, diz o odontopediatra Marcelo Bönecker, professor da Faculdade de Odontologia da USP. Na infância, lembre-se, a higiene da língua deve ser feita com a supervisão dos pais.

Embora não seja um consenso, há uma ordem a seguir na faxina bucal: primeiro fio dental, depois limpador de língua e, por último, a escova. Isso porque a pasta de dentes, se usada no início, pode dificultar a remoção da saburra. Quanto à frequência de uso, bastaria uma vez ao dia, de preferência antes de dormir. Um bom investimento para garantir uma boca devidamente limpa — sem sujeira escondida no tapete.

Continua após a publicidade

Manual do usuário

Fácil de usar, o limpador acaba com o acúmulo de sujeira na língua

A limpeza começa na parte de trás e vai em direção à ponta da língua. Só não passe o raspador nas papilas valadas, estruturas em forma de verruga que ficam no fundão.

Divida a faxina do músculo em duas partes. Primeiro, limpe o lado direito, realizando três ou quatro varridas. Depois o esquerdo. Não coloque muita força nos movimentos para evitar cortes.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.