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Deixe o seu fígado em forma

Quando ele engorda, é sinal de que uma avalanche está por vir

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 16 mar 2018, 11h05 - Publicado em 12 set 2013, 22h00
Dentro de um ventre rechonchudo costuma se esconder um fígado obeso. Comparável a um verdadeiro complexo industrial, esse órgão produz, estoca e transforma substâncias vitais ao corpo. Mas, quando suas células ficam acima do peso, a nossa maior glândula pode trilhar o caminho da falência. Pior: os pesquisadores revelam que esse regime de engorda faz companhia a outros distúrbios sérios.
Um time da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, acaba de apontar que a esteatose hepática, o nome científico da gordura instalada ali, é um marcador de risco importante para o diabete tipo 2 e a formação de placas que entopem as artérias. “Tanto a gordura que se acumula no abdômen quanto aquela que se deposita em excesso no fígado contribuem com esses males”, justifica, em entrevista a SAÚDE!, o professor americano Samuel Klein.

Resultado alarmante

A doença hepática gordurosa não alcoólica – denominação ainda mais complicada do infortúnio responsável pela esteatose – já é encarada como um problema em ascensão, já que pega carona na pandemia de obesidade. “Fizemos um estudo com mais de 9 mil pessoas submetidas a exames de ultrassom e verificamos que quase 20% delas apresentavam a esteatose”, lamenta o hepatologista Edson Parise, professor da Universidade Federal de São Paulo. Se o grupo de investigados fosse formado por obesos mórbidos, a estimativa é que o número subiria para 92%. “Hoje esse acúmulo de gordura é o mal mais diagnosticado no consultório do hepatologista, o médico do fígado”, afirma o especialista Hoel Sette Júnior, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista.
Mistérios ainda rondam a parceria entre a esteatose e a barriga avantajada. Apesar de andarem de mãos dadas, ainda não se sabe ao certo se o problema no fígado é mera consequência da gordura visceral. “É possível que moléculas da gordura do abdômen viajem até esse órgão e se alojem nele”, presume Samuel Klein. Mas, se existe uma evidência do que patrocina um fígado volumoso, ela reside em um distúrbio típico das pessoas que ostentam quilos a mais: a resistência à insulina (veja o infográfico nos complementos da matéria). Ok, ela também é associada à cintura larga – que então, no fundo, teria a ver com a esteatose, só que indiretamente. A resistência ao hormônio é triste, porque não só causa a esteatose como piora bastante quando o fígado fica engordurado, em um ciclo pernicioso.

Gordura que não amola?

Ao contrário daquele pneuzinho que insiste em sobrar para fora da calça, o contínuo depósito de gordura no fígado não aparece no espelho. A esteatose nem sequer levanta suspeitas, como dores ou enjoos. É sorrateira graças à capacidade do fígado de suportar anos de intempéries sem dar um grito de socorro. “É como se ele contasse com uma grande reserva e só deixasse de funcionar direito depois de muitos estragos”, explica a hepatologista Edna Strauss, da Universidade de São Paulo. Ou seja, embora algumas das suas células estejam prestes a pedir concordata por excesso de gordura, outras tantas estão de prontidão para suprir a demanda extra.
Além disso, o fígado é privilegiado no quesito regeneração – vantagem que ele perde à medida que estufa e fica sujeito a inflamações. “A glândula preserva suas atividades mesmo se estiver apenas com 30% de sua capacidade de funcionamento”, diz Edna. O drama é que, despercebida por muito tempo, a esteatose se converte numa espécie de hepatite, que, mais tarde, pode gerar uma cirrose – ou predispor ao surgimento de um tumor. “Nesse estágio, o fígado atrofia e fica cheio de cicatrizes”, descreve Hoel Sette Júnior. Em quanto tempo se consumam os danos? “A evolução para uma cirrose pode durar entre 20 e 30 anos”, calcula Parise.

Revertendo a situação

Esteja em plena juventude ou na maturidade, todo mundo é capaz de botar a esteatose pra correr. Quanto mais leve é o grau do problema — isto é, quanto menos gordura o fígado estocar —, mais simples será a solução. “Até mesmo um quadro de maior gravidade, em que há inflamações na glândula, pode regredir”, esclarece Helma. Como obter essa façanha ou, melhor ainda, nunca portar um órgão balofo? A panaceia não está à venda, porque não se encontra na fórmula de um medicamento específico. Para variar: está na combinação entre dieta equilibrada e exercícios físicos. Uma pesquisa da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, atesta que praticar atividades aeróbicas como a corrida regularmente evita o armazenamento de gordura na glândula.
Drogas que atenuam a resistência à insulina às vezes são convocados para auxiliar a desinflar o fígado obeso. “Mas as drogas são apenas coadjuvantes”, ressalta Sette Júnior. A ciência já confirmou que, não tem jeito, o melhor remédio – comprado com muita força de vontade, ninguém nega – é se alimentar direito e suar a camisa. Só assim dá para secar a barriga e, de bônus – e que bônus! – ganhar um fígado com porte atlético, que nunca deixará a desejar.

Atenção:

O álcool em excesso e hepatites causadas por vírus também podem fazer o fígado ficar recheado de gordura – mesmo em pessoas magras. Por isso, sempre é necessário investigar a origem da esteatose.

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