Cuidado com quem cuida
Familiares de pacientes com câncer também saem ganhando com o tratamento paliativo. Entenda
“Os cuidadores oferecem um suporte fundamental às vítimas de câncer, mas isso pode ter um custo elevado para eles”, afirmou Julie Vose, presidente da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, durante congresso organizado por essa instituição, em Chicago, nos Estados Unidos. Estresse e depressão estão entre os sintomas que às vezes surgem entre os familiares mais próximos, principalmente se o tumor se encontra em estágio avançado. Segundo uma pesquisa que ganhou destaque no evento – que SAÚDE está acompanhando –, recorrer a cuidados paliativos para o próprio paciente pode ser uma boa saída para isso. No levantamento, que é do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, 275 familiares foram analisados enquanto metade dos pacientes com cânceres incuráveis recebia tratamento convencional e o outro, além disso, tinha um atendimento mensal para ajudar a lidar com a dor e os sentimentos decorrentes da doença. Isso envolve desde o uso de certos remédios até a psicologia.
Aí que está: mesmo com o tratamento paliativo voltado para o enfermo, notou-se que seus cuidadores, após três meses, apresentavam menos sintomas depressivos e mais vitalidade do que os de pacientes que não tiveram acesso a esse tipo de estratégia. “Os cuidados paliativos criam uma melhor atmosfera para uma família que enfrenta o câncer”, disse Areej El-Jawahri, principal autora do trabalho. “Isso torna as demandas da situação mais fáceis de lidar”, arremata. Fora esse atendimento mais indireto, há indícios de que cuidados voltados para o familiar também surtem um grande efeito. E isso, por sua vez, ajuda o paciente. É um círculo virtuoso que merece ser reforçado.