Taxar bebida adocicada reduziria o seu consumo
O aumento nos impostos sobre refrigerantes, néctares e achocolatados pode ser uma medida para conter a obesidade
Líder de uma investigação que analisou dados de vários estudos e experiências pelo mundo, Andrea Teng, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, conta: “Nos lugares em que a tributação do açúcar foi adotada, como Estados Unidos e Chile, houve diminuição de venda e de ingestão dessas bebidas”. Em média, um imposto de 10% resultou num consumo 10% menor.
Por isso, a epidemiologista acredita que a estratégia tem potencial para auxiliar na luta contra a pandemia de obesidade. Afinal, a atração pelo gosto doce e a facilidade de acesso colocam as bebidas açucaradas no topo da lista dos produtos mais associados ao ganho de peso.
A própria Organização Mundial da Saúde já recomenda um imposto de 20% sobre elas como medida de proteção à população.
Refrigerante em excesso aumenta o risco de doenças
- 114,6 litros/ano* é o consumo per capita no Brasil — um dos dez maiores do mundo
- 6,8 kg/ano é a estimativa de ganho de peso para quem ingere uma latinha por dia (355 ml)
- 21% é a prevalência da obesidade relacionada aos riscos cardiovasculares no país
- 355 ml/dia podem significar uma alta de 83% na probabilidade de ter diabetes
Argumentos a favor do aumento de impostos sobre as bebidas açucaradas
Deu certo lá fora: no México, 10% de alta no imposto resultou em 7,6% menos consumo de refris, além de ter aumentado a ingestão de água.
Só educar não resolve: estudiosos afirmam que informar sobre os males do excesso não tem sido suficiente para inibir a compra e o ganho de peso.
E os argumentos contrários
Não é o único vilão: engordar demais é resultado de uma gama de problemas e não se relaciona somente ao açúcar das bebidas.
Recurso limitado: a taxação recai só sobre os produtos industrializados e não melhora os preparos de bebidas em casa, nas escolas e nos restaurantes.
*Euromonitor 2018; Nota técnica nº 60-SEI/2017/MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fontes: Mauro Fisberg, nutrólogo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Bruna Hassan, consultora da ACTBR Promoção da Saúde