Chá de lírio: o que é, quais os benefícios e riscos
Muitas plantas são chamadas genericamente de "lírio". E parte delas é facilmente confundida com espécies tóxicas

O chá de lírio é um preparado comum na medicina tradicional de muitos países, especialmente na Ásia. Mas, embora algumas espécies identificadas por esse nome possam trazer benefícios associados a propriedades antioxidantes, é comum confundir plantas diferentes que são chamadas da mesma forma, o que gera riscos.
Alguns “lírios” podem ser depressores do sistema nervoso central. E, em muitos casos, é comum confundir a planta com outras espécies tóxicas para seres humanos. Por isso, o consumo deve ser evitado a menos que você saiba exatamente qual espécie está utilizando (ou seja, nada de sair coletando no mato), e tenha alguma liberação para uso por parte de um profissional que entenda do assunto.
A rigor, só são “lírios verdadeiros” aquelas plantas que pertencem ao gênero Lilium. Algumas plantas que não estão nesse grupo e costumam ser confundidas incluem o “lírio do vale” (Convallaria majalis), o “lírio de calla” (relacionado a plantas do gênero Zantedeschia) e os “lírios-trombeta” (Brugmansia suaveolens).
No caso dos falsos lírios, há muitos casos documentados de intoxicação após o consumo de infusões preparados com essas plantas. Além da recomendação de evitá-las, caso ainda assim você acabe tomando o chá, fique atento a qualquer sinal de que algo está errado e procure ajuda médica imediatamente se sentir desconfortos.
Mesmo assim, há benefícios?
Quando se trata do gênero Lilium propriamente dito, algumas espécies podem trazer certos benefícios. Eles vêm principalmente da presença dos antioxidantes. No entanto, essas plantas também contêm saponinas, que afetam o gosto e a digestibilidade. A proporção de cada tipo de composto pode variar dependendo da espécie e da forma de cultivo.
Também há demonstrativos de capacidades anti-inflamatórias da planta, principalmente em relação a edemas. Porém, a ação antioxidante e a anti-inflamatória foram verificadas em estudos com ratos e com extratos diretamente do bulbo da planta, e não com chás.
Por isso, embora haja um potencial no lírio, ainda faltam evidências mais robustas de que esses benefícios se repetem em seres humanos, ou são mantidos quando se faz uma infusão.
Outros perigos no consumo
Mais do que os cuidados para não se confundir com “falsos lírios”, é importante ter em mente que mesmo algumas plantas do gênero Lilium tipicamente utilizadas na medicina tradicional também exigem bastante cuidado no consumo.
É o caso da palma-de-são-josé (Lilium longiflorum), que pode levar a uma depressão acentuada no sistema nervoso central. Isso significa que a planta pode promover efeitos sedativos que alteram o sono de quem consome, um impacto nem sempre desejável. A dimensão desse efeito pode variar bastante de acordo com a forma de cultivo da planta e a resistência de cada pessoa.
Estudos sobre a toxicidade dos lírios costumam ser escassos, dificultando ainda mais a certeza sobre quais espécies são seguras, e em que doses poderiam trazer benefícios.
No caso dos lírios “falsos”, os riscos são maiores. A Convallaria majalis, chamada popularmente de lírio do vale, pode causar envenenamento que leva a sintomas como batimentos cardíacos irregulares, diarreia, náuseas, vômitos, visão turva e impactos no sistema nervoso. As Zantedeschia, por vezes chamadas de lírios de calla, também podem gerar consequências semelhantes documentadas.
Por fim, se você tem pets, um ponto de atenção a mais: lírios em geral são tóxicos para gatos. Essa planta não deve ser utilizada nem mesmo de forma ornamental em um ambiente frequentado por felinos. Caso isso ocorra, leve o animal a um veterinário ao primeiro sinal de que algo está errado, como diante de uma salivação excessiva ou vômitos constantes.