Pesquisadores da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, anotaram os comes e bebes acusados por 2 051 pacientes de deflagrarem crises de gota – quando a junta dói horrores e fica inchada e avermelhada. Não deu outra. Entre os vilões tradicionais (peixes, frutos do mar, carnes vermelhas e álcool), o tomate apareceu em quarto lugar, apontado por nada menos do que 20% dos entrevistados.
Mas por que o ingrediente que alegra qualquer salada seria capaz de tanto dissabor? A resposta veio de uma revisão de três experimentos, conduzida pelos mesmos neozelandeses, que reuniu dados de 12 mil pessoas, incluindo informações sobre a ingestão desse vegetal. “A análise determinou que um tomate por semana aumenta em 0,01 mg/dl a concentração de ácido úrico no corpo”, revela a especialista em doenças genéticas Tanya Flynn, coautora do levantamento. “Parece pouco, mas é suficiente para impactar indivíduos com a gota fora de controle”, alerta.
Contudo, o menu de quem tem gota não vive só de restrições. “Estudos apontam que a proteína do leite, a vitamina C e a cafeína auxiliam na redução do ácido úrico”, diz o nutrólogo Roberto Navarro, de São Paulo.
Acalmar a gota pede, sobretudo, mais variedade no cardápio. Os especialistas destacam que, em geral, não há necessidade de ficar neurótico com um ou outro alimento. Com a doença controlada, comer um bife até quatro vezes por semana, degustar uma banana madura por dia ou provar um camarão de vez em quando dificilmente acarretarão consequências dolorosas. E o mesmo raciocínio se aplica ao tomate, tão aplaudido no mundo todo por seus préstimos à saúde.