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Abacate reduz a gordura visceral em semanas? Não é tão simples assim

Benefícios encontrados em estudo que repercutiu na imprensa dizem respeito à comparação com outras dietas ricas em gordura

Por Maurício Brum
Atualizado em 3 set 2024, 20h06 - Publicado em 3 set 2024, 20h00
avocado-hass-abacate
Avocado traz benefícios à saúde, mas resultados foram exagerados por comparação com gorduras notavelmente mais danosas à saúde (drobotdean/Freepik)
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Talvez você tenha cruzado com essa notícia nos últimos dias: o abacate reduz a gordura visceral em questão de semanas, portanto, é uma ótima pedida inseri-lo na dieta. Mas calma lá! É preciso entender melhor essa história.

A informação que voltou a ganhar as redes faz referência a um estudo publicado originalmente em 2021 no Journal of Nutrition, uma revista científica dedicada à nutrição. Ao todo, 105 pessoas com sobrepeso ou obesidade foram divididas em um grupo que consumia abacate (no caso, o avocado Hass, aquele menorzinho) e outro em uma dieta sem abacate.

+Leia também: Avocado: a grandeza nutricional do pequeno abacate

Após 12 semanas, aqueles que comeram abacate tiveram níveis mais baixos de gordura visceral que os outros participantes. A questão é que não foi uma solução mágica, e o abacate não é, isoladamente, um alimento “seca-barriga”.

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Estudo tem limitações

Embora esteja consolidado na ciência que o abacate é uma opção mais saudável quando comparado a outros alimentos gordurosos, o estudo que voltou a virar notícia tem limitações importantes.

Os 105 participantes foram divididos em um grupo consumindo receitas que incluíam avocado na composição e outro em que esse alimento era substituído por opções “equivalentes” em macronutrientes e calorias.

No entanto, com frequência, isso envolvia a substituição por gorduras notavelmente mais nocivas à saúde, o que ajuda a “exagerar” as vantagens do abacate. Veja abaixo:

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estudo-avocado-gordura
Uma das receitas usadas na comparação entre os dois grupos. À esquerda, o grupo “controle”, onde as gorduras incluíam bacon, queijo “americano” processado e óleo de coco. À direita, o grupo na dieta com avocado, onde a principal fonte de gorduras era o próprio abacate (Khan NA, Edwards CG, Thompson SV, Hannon BA, Burke SK, Walk ADM, Mackenzie RWA, Reeser GE, Fiese BH, Burd NA, Holscher HD. Avocado Consumption, Abdominal Adiposity, and Oral Glucose Tolerance Among Persons with Overweight and Obesity. J Nutr. 2021 Sep 4;151(9):2513-2521. doi: 10.1093/jn/nxab187. PMID: 34191028; PMCID: PMC8417923./Reprodução)

Um exemplo: em um dos lanches utilizados no estudo, um wrap de peru com salada de massa, o grupo na dieta com avocado incluiu esse alimento e um molho italiano sem gordura; já no grupo “controle” esses ingredientes foram substituídos por molho ranch, bacon, queijo processado e óleo de coco.

+Leia também: Gorduras em foco: quem é quem no cardápio nosso de cada dia?

Por isso, o ideal é interpretar o resultado como um benefício comparativo do consumo do avocado no lugar de outras gorduras menos saudáveis. Também vale frisar que a pesquisa de 2021 foi financiada pelo Hass Avocado Board, uma entidade norte-americana dedicada a incentivar o consumo de abacate.

Os benefícios do abacate à saúde

Mas, feitas as ressalvas, o estudo reforça que o abacate é uma alternativa mais saudável em dietas que tentam reduzir o consumo de gorduras menos adequadas à saúde. O alimento tem fibras e vitaminas diversas — como as do complexo B, além de vitaminas A, C, E e K — e propriedades antioxidantes.

As fibras ajudam na digestão e, segundo outras pesquisas, favoreceriam o controle do colesterol e uma melhor saúde cardiovascular no longo prazo.

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O que é gordura visceral e por que ela é perigosa?

A gordura visceral é considerada aquela mais problemática para o desenvolvimento de problemas de saúde no longo prazo, estando associada a um maior número de radicais livres em circulação no organismo, o que eleva as chances de ter diabetes, doenças cardiovasculares e até cânceres.

Além disso, essa gordura muitas vezes é menos “visível” do que a que se acumula em outras partes do corpo. Mesmo pessoas sem uma barriga proeminente podem ter níveis inesperadamente altos, já que ela se acumula no abdômen, ao redor dos órgãos internos.

Dietas ricas em gorduras saturadas e açúcar aumentam a gordura visceral, e também há um componente genético na propensão a acumular esse tipo de gordura no organismo. Idealmente, sua proporção não deve ultrapassar 10% da gordura corporal.

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Lembre-se: qualquer busca por emagrecimento saudável deve envolver adequações na dieta e na atividade física, e o ideal é sempre buscar orientação médica e nutricional antes de inserir alimentos novos em sua rotina.

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