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A dieta ou algum alimento pode prevenir a Covid-19?

Pesquisadores esclarecem como a alimentação influencia nossa imunidade e quais nutrientes são bem-vindos nesse sentido

Por Dan Waitzberg e Natalia Lopes (Nutritotal)*
Atualizado em 12 mar 2021, 12h26 - Publicado em 23 fev 2021, 12h07
foto de filé de peixe na chapa
Fontes de proteína e ômega-3, pescados são aliados de uma dieta saudável e pró-imunidade.  (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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No início de 2021, dois temas relacionados à alimentação lideram o ranking de dúvidas e perguntas enviadas ao Nutritotal, parceiro de VEJA SAÚDE. O primeiro é um clássico: as dietas para emagrecer. O segundo é o assunto do momento: a Covid-19, mais especificamente, no nosso caso, até que ponto os alimentos ajudam a evitá-la. É isso que procuraremos esclarecer por aqui, com base nas evidências científicas atuais.

Há alguma comprovação de que a dieta reduza o risco de Covid-19?

Não. Até agora não há nenhum estudo que demonstre que a alimentação ou algum nutriente específico diminua o risco de pegar o coronavírus e ter Covid-19. O que a ciência já provou, no entanto, é que manter uma dieta equilibrada — rica em vitaminas e minerais, com ingestão adequada de frutas, legumes, verduras e fontes de proteína (como carnes, ovos, leguminosas e laticínios) — é capaz de contribuir para o adequado funcionamento do sistema imune e melhorar, assim, nossas defesas contra vírus e bactérias no geral.

Alguns nutrientes são especialmente bem-vindos nesse aspecto. Podemos destacar as vitamina A, C, D e E, algumas vitaminas do complexo B, ferro, magnésio, zinco, selênio e os ácidos graxos ômega-3. Pesquisas no momento estão investigando até que ponto eles teriam impacto na Covid-19, mas não há nada de conclusivo por ora. De qualquer forma, recomendamos a inclusão de alimentos fontes dessas substâncias no dia a dia para qualquer pessoa que queira ter uma vida mais saudável.

A alimentação tem repercussão na imunidade e na prevenção de doenças?

Uma alimentação variada, capaz de fornecer todos os grupos de nutrientes, traz benefícios a todas as células do corpo, incluindo as do sistema imune. Para entender melhor essa relação, podemos resumir que, basicamente, o desenvolvimento de doenças se deve ao ataque de micro-organismos (gripe, pneumonia, Covid-19…) ou a processos inflamatórios.

Para fazer frente a uma infecção ou inflamação, o organismo mobiliza células de defesa, o que resulta em maior gasto energético e maior necessidade de vitaminas, minerais e outros nutrientes. Fora isso, a alimentação tem impacto na microbiota intestinal, conjunto de micro-organismos que participa ativamente da nossa resposta imunológica.

Convém sublinhar, ainda, que existem indícios de que uma alimentação saudável favoreça os efeitos da vacinação.

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Por que alguns nutrientes são particularmente importantes para a imunidade?

De fato, proteínas, vitaminas e minerais são atores essenciais nesse enredo. As proteínas funcionam como “tijolos” na construção celular, sendo essenciais para a formação de todas as células do corpo. Assim, fontes proteicas animais e vegetais devem ser consumidas regularmente.

Como já mencionamos, as vitaminas e certos minerais também têm um papel a cumprir. A vitamina D, obtida pelo sol e de carnes, ovos e laticínios, por exemplo, auxilia o sistema imune porque participa da liberação de substâncias que combatem micro-organismos e da formação de novas células. Alguns estudos sugerem que a deficiência dessa vitamina está associada a quadros mais sérios de Covid.

Temos evidências também de que minerais como o zinco ajudam a inibir a replicação de vírus, enquanto vitaminas como a E têm ação antioxidante. E o ômega-3, gordura de pescados e sementes, por sua vez, ajuda a modular processos inflamatórios.

Nesse contexto, há alimentos que merecem ser evitados ou pedem moderação?

Sim! Já foi demonstrado que a alimentação tipicamente ocidental, rica em açúcar, gorduras e sódio e abastecida de alimentos processados e ultraprocessados, pode aumentar o risco de doenças, entre outras razões, por ativar processos inflamatórios — e isso resulta em maior sobrecarga para o sistema imunológico. Dessa forma, devemos evitar o consumo excessivo e frequente desses alimentos.

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Nosso corpo pode dar indícios de que a alimentação está abalando a imunidade?

Isso pode acontecer, sim. Ficar doente com frequência e apresentar sintomas como baixa disposição, fraqueza, queda de cabelo e unhas fracas, por exemplo, são sinais de desnutrição ou deficiência de nutrientes importantes, como proteínas, vitaminas e minerais. E a carência deles pode levar ao comprometimento da nossa resposta imunológica.

Tomar suplementos fortalece a imunidade?

De modo geral, utilizamos suplementos para completar a ingestão de macro e micronutrientes e quando a alimentação diária não é capaz de suprir nossas necessidades. Vale destacar que, para a maioria das pessoas, a adesão a uma dieta equilibrada e variada, com ingestão de todos os grupos alimentares, é suficiente para suprir as necessidades nutricionais.

No entanto, em situações específicas, de acordo com a fase da vida e a presença de deficiências graves ou enfermidades, a suplementação de vitaminas e minerais pode conferir benefícios. É importante lembrar, no entanto, que a suplementação deve ser realizada sob orientação de um profissional de saúde, médico ou nutricionista, pois assim como a deficiência, o consumo excessivo desses nutrientes pode ser prejudicial e até mesmo tóxico ao organismo.

Devemos zelar pela saúde intestinal pensando na imunidade?

Sem dúvida! Vamos lembrar que tudo o que comemos ou bebemos pode conter micro-organismos ou toxinas e o sistema gastrointestinal fica exposto e suscetível a esses agentes estranhos. Para se defender, o intestino dispõe de uma barreira física e imunológica — boa parte das nossas células de defesa está alocada ali. E temos um terceiro escudo, a microbiota intestinal, aquele conjunto de micro-organismos em permanente conversa com o sistema imune.

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Quem tem uma alimentação equilibrada garante um perfil de microbiota mais harmônico. Quem, por outro lado, exagera em alimentos açucarados, gordurosos e ultraprocessados tende a alojar mais bactérias patogênicas no intestino. Tudo isso reforça a ideia de construir um cardápio balanceado, rico em fibras, vitaminas e minerais. A microbiota agradece. E seu sistema imunológico sai fortalecido.

* Dan Waitzberg é nutrólogo, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do grupo Ganep

Natalia Lopes é nutricionista do Nutritotal e pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP

(Este texto foi produzido pelo Nutritotal em uma parceria exclusiva com VEJA SAÚDE)

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