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8 dicas para cuidar da alimentação de quem tem Alzheimer

Ingredientes saudáveis, rituais e companhia não podem faltar à mesa, segundo nutricionista

Por Larissa Beani
Atualizado em 13 dez 2023, 11h44 - Publicado em 13 dez 2023, 11h44
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Progressão do Alzheimer afeta sentidos, como o paladar, e habilidade de deglutição. Pessoas que convivem com a doença precisam de adaptações no cardápio (Stella de Smit/Unsplash/Reprodução)
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Comer é um dos grandes prazeres e necessidades da humanidade — e essa experiência precisa ser adaptada para aqueles que vivem com Alzheimer e outras demências. É o que defende Patricia Viganó, nutricionista do Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e especialista na relação que esse público tem com a alimentação.

+ Leia também: O que é o Alzheimer, quais são os sintomas e tratamentos

Mestre e doutora em investigação biomédica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), ela explica que a progressão do Alzheimer leva a uma piora do estado nutricional e a um déficit no paladar dos pacientes.

“Além das alterações cognitivas e da perda de memória, idosos com demência têm sua ingestão alimentar e seu estado nutricional comprometidos”, afirma Viganó.

À VEJA SAÚDE, a nutricionista orienta como cuidadores podem agir diante de desafios comuns na rotina alimentar de quem tem Alzheimer. Confira:

1. Cardápio equilibrado e variado

Em relação à dieta, não há segredos (nem milagres) para prevenir ou dar suporte ao tratamento do Alzheimer.

“Diversos compostos — como o ômega 3, a vitamina E e o ácido fólico — têm uma certa relação com o menor risco de Alzheimer, mas não há evidências de que o consumo deles, por si só, possa evitar ou tratar a condição”, afirma Viganó. “Não existe nenhum tipo de dieta ou suplemento dietético específico que reduza o risco ou avanço da demência”, completa.

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+ Leia também: A memória vai, o apoio vem: como cuidar de alguém com demência

A orientação geral é manter uma dieta balanceada e diversificada, capaz de prevenir e controlar doenças crônicas como o diabetes, a hipertensão e o colesterol alto. Até porque essas condições estão ligadas ao avanço de demências. 

Já para quem tem o diagnóstico da condição degenerativa, o zelo com a alimentação é fundamental para que a pessoa se mantenha nutrida e longe de complicações.

Recomenda-se ter como referência a dieta mediterrânea, que inclui frutas, vegetais, cereais integrais, leguminosas, castanhas, sementes, peixes, aves e laticínios com pouca gordura — além de pouca carne vermelha.

Essa dieta, claro, pode ser adaptada à realidade brasileira, priorizando alimentos ricos em fibras, antioxidantes e gorduras insaturadas.

Os itens que devem ser evitados, por sua vez, são aqueles com excesso de gorduras saturadas, açúcar e sal, além dos ultraprocessados.

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2. Horários à mesa

É comum que a pessoa com demência esqueça se já realizou ou não uma refeição. Por isso, vale apostar em alguns rituais à mesa que ajudam a assimilar que chegou a hora de se alimentar (e até de que a refeição terminou, em casos mais avançados de Alzheimer).

+ Leia também: Por que todo médico deveria pesquisar Alzheimer nas consultas de rotina?

Alarmes ou ligações podem anunciar o momento de comer, enquanto o hábito de tirar os utensílios e a toalha da mesa ajudam a pessoa a ter noção de que a alimentação terminou.

“O ideal é que a pessoa com demência faça pelo menos três refeições por dia e que nelas sejam incluídas frutas, legumes, verduras e fontes de proteína”, indica Viganó.

3. Em boa companhia

Ficar ao lado de quem tem Alzheimer durante as refeições não é apenas importante para, eventualmente, dar apoio na hora de manusear talheres e levar o alimento à boca, como também serve de estímulo para que ele coma.

“O idoso com demência tende a imitar o que observa no cuidador”, aponta a nutricionista. É importante que o cuidador tenha paciência e dê tempo ao indivíduo para que ele realize as ações.

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4. Mão na massa

Desde que respeitando as limitações de cada um, os pacientes também podem participar do preparo das refeições. Essa atividade ajuda a tornar a refeição mais prazerosa e inclusive fortalece o laço entre quem cuida e quem é cuidado.

Que tal preparar uma receita afetiva juntos?

+ Leia também: Entrevista: “Demência é muito mais do que perder a memória”

5. Para facilitar

Caso o idoso tenha dificuldade para usar talheres e outros utensílios, uma estratégia é oferecer alimentos que podem ser consumidos com as próprias mãos.

É possível disponibilizar itens salgados não apenas cortados, mas também na forma de bolinhos (de arroz, espinafre, mandioca…). Picar frutas é uma ótima pedida na hora da sobremesa.

Só preste atenção à temperatura para não acabar queimando as mãos e a boca da pessoa com demência. E, claro, não caia na tentação de encher essas pessoas de salgadinhos ultraprocessados. 

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6. Atenção à deglutição

Em estágios moderados e avançados da doença, é comum que o idoso tenha dificuldade para mastigar e engolir os alimentos. Ele pode até deixar de reconhecer comidas que já estava acostumado a consumir.

Nesses casos, deve-se procurar um fonoaudiólogo para avaliar a habilidade de deglutição e orientar qual é a melhor consistência e textura para as refeições dele. 

+ Leia também: 7 questões urgentes para debater o envelhecimento no Brasil

Uma hora, o arroz não vai mais poder ser tão soltinho e o bife dará espaço para uma carne de panela. Sopas são uma boa opção para combinar diferentes ingredientes, mas o menu não precisa se resumir a elas, dependendo da capacidade de cada um.

7. Realce os sabores

Além de afetar a cognição e a memória, o Alzheimer altera os sentidos dos seus portadores. No que diz respeito ao paladar, uma série de perdas quimiossenssoriais decorrentes da doença dificultam o reconhecimento dos sabores, principalmente o salgado.

Por isso, vale investir em temperos e outros realçadores naturais para ajudar o paciente a sentir o gosto da comida.

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Orégano, cheiro-verde, cebola, alho são algumas opções. Ingredientes ácidos, como limão e vinagre, também são bons em realçar o gosto salgado”, sugere a nutricionista da Ufscar. “Associar um alimento azedo ou ácido a uma preparação salgada facilita a percepção do gosto e a aceitação alimentar pelo idoso com demência.”

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Estes alternativas também ajudam a evitar o sal, que não deve ser consumido em excesso, principalmente por aqueles com hipertensão arterial.

8. Mantenha-se informado

As dúvidas relacionadas à alimentação de pessoas com demência são várias, e a falta de informação pode ser um desafio ao tratamento dos mais de 1,7 milhão de brasileiros que convivem com alguma forma da condição.

Pensando nisso, a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) publicaram a cartilha “Hidratação e Nutrição na demência”, que pode ser acessada gratuitamente neste link.

De maneira clara a didática, o material traz informações confiáveis e esclarece as principais dúvidas que afligem cuidadores Brasil afora. Vale ler (e seguir acompanhando notícias sobre o assunto).

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