Saúde na aposentadoria: médica dá dicas para chegar bem a essa fase
A transição da vida profissional exige planejamento além do financeiro para garantir uma vida saudável e feliz

A transição para a aposentadoria pode ser um momento delicado e desafiador para muitos idosos, marcando uma mudança significativa da vida profissional ativa para uma nova fase.
Essa mudança pode gerar sentimentos de perda de identidade, com consequências negativas para a saúde e o bem-estar geral do indivíduo.
Normalmente, quando pensamos nisso, imaginamos o fim do trabalho e uma possível dependência de outras pessoas. Embora muitos se concentrem apenas no aspecto financeiro, a saúde física e a saúde mental também merecem atenção especial nesta etapa única da vida.
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A aposentadoria no Brasil varia legalmente conforme a categoria e o tipo de benefício. A por idade ocorre aos 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, enquanto a por tempo de contribuição exige o cumprimento de uma fórmula que leva em conta idade e tempo de contribuição.
Por outro lado, muitos idosos optam por continuar trabalhando mesmo após aposentados ou mantêm atividades paralelas para preservar a qualidade de vida e a saúde mental. Alguns ajudam nos negócios dos filhos, realizam pequenas tarefas em suas antigas empresas com carga horária reduzida ou mesmo iniciam novos empreendimentos.
Benefícios e desafios da aposentadoria
A aposentadoria oferece tanto benefícios quanto desafios relacionados à saúde. O tempo livre pode ser aproveitado para cuidar melhor da saúde, praticar atividades físicas e investir no autocuidado, reduzindo o nível de estresse ao diminuir a carga horária de trabalho.
Além disso, há oportunidade para dedicar-se a hobbies anteriormente negligenciados, ao voluntariado ou a uma nova carreira, proporcionando bem-estar psicológico e um renovado senso de propósito.
Como garantir uma aposentadoria saudável
É fundamental que profissionais de saúde e os próprios idosos se antecipem aos desafios dessa fase, adotando um estilo de vida saudável.
Alimentação balanceada, especialmente sob orientação de nutrólogos e nutricionistas, prática regular de atividades físicas orientadas por educadores físicos ou fisioterapeutas, e monitoramento da saúde com exames preventivos e consultas médicas periódicas são essenciais.
O controle de doenças crônicas também é fundamental. O envelhecimento natural traz necessidades médicas adicionais, como tratamentos contínuos, exames regulares e medicamentos específicos para condições que se tornam prevalentes nessa etapa, como hipertensão, diabetes, artrite e doenças cardíacas.
Problemas inesperados de saúde podem resultar em gastos significativos, reforçando a necessidade de uma reserva financeira dedicada. A adesão rigorosa a tratamentos prescritos e o diagnóstico precoce de doenças podem prevenir complicações e reduzir custos futuros.
Desafios comuns do período
Além da maior presença de condições de saúde, que exigem cuidados contínuos e mudanças no estilo de vida, a aposentadoria pode aumentar o risco de isolamento social e sedentarismo.
O envelhecimento está associado ao maior risco de Alzheimer e outras formas de demência, que impactam a autonomia e as relações sociais e familiares. Estimulação mental constante e acompanhamento especializado são cruciais para minimizar esses efeitos.
Dificuldades de mobilidade, fraqueza muscular, osteoporose e quedas frequentes também são desafios comuns. Exercícios físicos regulares, fortalecimento muscular e prevenção de quedas são fundamentais para preservar a independência.
Além dos aspectos físicos, esses problemas de saúde podem levar ao isolamento social e dependência de familiares ou cuidadores, gerando frustrações e perda de autonomia. Uma saúde debilitada pode limitar as oportunidades de lazer e satisfação pessoal.
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Planejamento legal e financeiro na aposentadoria
O envelhecimento ativo depende não apenas de cuidados físicos e mentais, mas também de decisões jurídicas bem estruturadas, incluindo:
- Testamentos: documentos que garantem a correta distribuição do patrimônio, protegendo o legado e evitando conflitos familiares.
- Procurações: autorizam alguém de confiança a movimentar contas bancárias, vender bens ou resolver questões administrativas.
- Diretivas Antecipadas de Vontade (DAVs) ou Testamento Vital: expressam antecipadamente desejos sobre tratamentos médicos em situações específicas de vulnerabilidade, como doenças terminais ou demências avançadas.
- Planejamento financeiro e patrimonial para cobrir custos com cuidadores, instituições de longa permanência e adaptações residenciais é essencial, devendo ser realizado com apoio de médicos, advogados e contadores especializados.
Em um cenário de envelhecimento da população, o planejamento financeiro para cuidados de saúde é prioritário para garantir que idosos recebam cuidados adequados sem sobrecarregar suas famílias. Investir em seguros de longo prazo, fundos de emergência e revisar a cobertura dos planos de saúde são medidas essenciais para uma aposentadoria segura.
Portanto, enfrentar a aposentadoria de maneira positiva envolve um olhar abrangente que considere tanto aspectos financeiros quanto psicológicos e sociais. Antecipar e planejar como ocupar o tempo livre evita sensações de vazio e aumenta a satisfação pessoal.
A aposentadoria oferece muitas oportunidades, mas exige cuidados específicos com a saúde. Uma abordagem holística, envolvendo corpo, mente e espírito, é fundamental para garantir uma vida pós-carreira saudável e feliz.
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)