A expressão “abrir o peito”, no sentido de compartilhar os sentimentos, parece ter o poder de realmente desanuviar perigos pelo coração. Sim, sessões de terapia com um psicólogo ajudam a baixar o risco cardiovascular.
Eis o que revela um dos maiores estudos a respeito, conduzido pelo University College London, na Inglaterra, com 636 955 pessoas, 66% delas mulheres.
O acompanhamento desse público, com idade média de 55 anos, desvendou que os indivíduos com melhoras nos sintomas de depressão após a psicoterapia encaravam uma probabilidade de 10 a 15% menor de sofrer ataques cardíacos e morrer precocemente devido a problemas circulatórios.
Os especialistas, que acabam de publicar seus resultados no periódico da Sociedade Europeia de Cardiologia, também notaram que os impactos positivos são superiores quando o cuidado com a saúde mental começa antes dos 60 anos.
Ou seja, não se deve empurrar com a barriga o apoio psicológico. Inclusive pelo bem do peito.
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Conexão cérebro-coração
É fato: o estado mental repercute no bem-estar cardíaco
Cérebro: o órgão gerencia as emoções e o estresse a que o organismo é submetido, autorizando respostas de caráter sistêmico.
Isso significa que, diante da ansiedade ou da depressão, mudanças bioquímicas podem fazer o coração acelerar, a pressão arterial subir e o peito apertar literalmente.
Não à toa, problemas de saúde mental já configuram hoje um fator de risco independente para infartos, AVCs e outras panes pelas artérias.
Fora isso, os médicos sabem que pessoas em sofrimento psíquico tendem a adotar um estilo de vida menos equilibrado e a não aderir tão bem às prescrições.
Coração: a tensão diária e a tristeza profunda são capazes de abalar o músculo cardíaco, num processo cujos danos podem levar anos para se manifestar.
Um novo estudo, em cima de dados de mais de 6,5 milhões de sul-coreanos, constatou que adultos de 20 a 40 anos com algum transtorno mental apresentam um risco três vezes maior de ter infarto ou derrame no futuro.
O achado reforça a necessidade de atendimento psicológico quanto antes em prol da proteção às artérias. Até porque as limitações impostas pelas doenças cardiovasculares costumam piorar o bem-estar emocional.
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Meditar também é um caminho
Sente-se, respire fundo, concentre-se e tente se blindar dos estímulos e das agruras do cotidiano.
Quem transforma as sessões de meditação em um momento da rotina também resguarda melhor seu coração. É o que se pode tirar de conclusão de um experimento feito pela Universidade de Lisboa, em Portugal, com um grupo de 40 pacientes já diagnosticados com uma doença cardiovascular.
Após quatro meses de instrução e prática diária, os voluntários obtiveram ganhos significativos no controle do estresse e da ansiedade, fatores que contribuem para a progressão do comprometimento nos vasos sanguíneos.
Quer ter outros bons motivos para se engajar na meditação e contar com um guia nessa jornada? Uma sugestão é partir para o livro recém-lançado Por que Meditamos (Objetiva), do psicólogo americano Daniel Goleman com o professor tibetano Tsoknyi Rinpoche.