“Há uma enorme desigualdade na saúde que não tem recebido muita atenção”, diz James Kirkbride, um dos autores da pesquisa que apontou um risco aumentado de minorias étnicas apresentarem transtornos psicóticos. O estudo, realizado pela University College London, na Inglaterra, analisou 687 participantes entre 16 e 35 anos, sendo que todos haviam recebido diagnóstico de desordem mental.
Vários fatores além da descendência foram levados em consideração na avaliação – status socioeconômico, idade, sexo… Mas, mesmo depois desses ajustes, os cientistas concluíram que, em relação aos britânicos brancos, a população africana que vive no Reino Unido tem uma probabilidade 4,1 vezes maior de manifestar doenças psicóticas. Paquistaneses e indivíduos de outras origens também entraram na conta. Para eles, o perigo é, respectivamente, 2,3 e 1,7 vezes maior.
Ainda não existe uma resposta exata capaz de explicar essa ligação, mas os especialistas arriscam algumas ideias. Por exemplo: o estresse causado pelo processo de migração, preconceito, isolamento e por dificuldade de integração acabaram colocando o cérebro em parafuso.
E não ache que essas são questões com as quais todo indivíduo que muda de país deve lidar. Segundo o levantamento, nenhum risco adicional de desenvolver essas panes mentais foi encontrada entre brancos não-britânicos que residiam no país.
Apesar de o risco ser mais significativo para aqueles que se mudaram para a Inglaterra entre as idades de 5 e 12 anos, a segunda geração também sofre as consequências: “Eles nasceram, foram criados e são cidadãos de um país onde ainda enfrentam barreiras”, explica Kirkbride, em um comunicado.
Claro que não dá para extrapolar esses dados para o nosso país. Mas eles reforçam a importância de enfrentarmos a discriminação e apoiarmos os imigrantes que chegam ao nosso país.