Apesar dos avanços na oncologia, os tumores ainda mexem bastante com a cabeça do paciente. “Medo, consequências da doenças e do tratamento, mudanças na rotina… Inúmeros fatores interferem no bem-estar“, diz a psicóloga Julia Schmidt Maso, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Não à toa, uma pesquisa de sete instituições inglesas revela que, nos seis meses após o diagnóstico, o indivíduo tem um risco 174% maior de se matar.
Os cientistas chegaram a essa conclusão após avaliar mais de 4 milhões de britânicos que sofreram com câncer — a partir dos dados, eles também verificaram quais tipos da enfermidade estão mais associados ao suicídio. “Precisamos acolher o paciente desde o primeiro contato, e não só quando um transtorno mental aparece”, afirma Julia.
Não adianta negar as emoções que surgirem, mas também é importante buscar suporte de entes queridos e profissionais, assim como ser claro sobre suas vontades e anseios.
O equilíbrio mental e o tratamento
De um jeito ou de outro, o estado de espírito influi na luta contra o câncer
O sistema imunológico, que contra-ataca as células do tumor, pode ser sabotado por quadros como a depressão. Mas daí a dizer que o controle de transtornos psiquiátricos aumenta diretamente a chance de cura é um exagero — a ciência não mostra isso.
Por outro lado, tristeza profunda, falta de esperança e outras emoções negativas podem diminuir a adesão a remédios, exames, consultas… E isso, sim, compromete o sucesso do tratamento.