José “Pepe” Mujica, conhecido ex-presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, revelou no último dia 29 de abril que está sofrendo com um tumor no esôfago. Às vésperas de completar 89 anos, o político indicou que, devido a distúrbios imunológicos, não deve se submeter a quimioterapia ou cirurgia. Ele não informou se o tumor era benigno ou se seria um câncer, que tem a capacidade de invadir outros tecidos.
O esôfago é o canal que conecta a garganta ao estômago, conduzindo sólidos e líquidos quando nos alimentamos. O diagnóstico de Mujica – que não confirmou se o tumor é maligno – veio em pleno Abril Azul Claro, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de esôfago, que costuma ser de diagnóstico difícil.
Por que é difícil diagnosticar o tumor de esôfago
O grande desafio para um diagnóstico precoce é que a doença costuma evoluir de forma assintomática até ser tarde demais.
Além disso, o exame padrão para confirmar a suspeita, a endoscopia, não costuma ser recomendada como uma verificação de rotina – normalmente, é pedida pelos médicos quando já se imagina que exista algum problema.
Por isso, tumores no esôfago costumam ser detectados de forma tardia. Quando se trata de um câncer, isso geralmente significa que a doença já progrediu em metástases para outros órgãos, o que torna esse quadro fatal na maioria dos casos.
Chimarrão causa câncer de esôfago?
Como o Uruguai é um país que adora tomar mate, como ocorre na Argentina e no Rio Grande do Sul, logo surgiu nas redes sociais o questionamento se o problema de saúde de Mujica poderia estar associado ao hábito de consumir a bebida, conhecida por aqui como chimarrão.
Não se sabe o que provocou o tumor no ex-presidente uruguaio, mas o consumo de chimarrão está, sim, associado a um risco maior de câncer de esôfago. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a incidência dessa doença é duas vezes e meia maior na Região Sul do Brasil do que no restante do país.
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O risco aumentado, porém, nada tem a ver com propriedades específicas da erva-mate utilizada na infusão tão apreciada por gaúchos e platinos. O problema, mesmo, é a temperatura elevada da água, que pode causar danos acima dos 65 graus.
Esse risco é maior no chimarrão do que em outras bebidas quentes, como o chá, devido ao uso da bomba (espécie de canudo metálico que se usa para ingeri-lo): o líquido acaba indo para a garganta quase sem escalas, não tendo o tempo de ser resfriado na boca no meio do caminho.
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