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Tocilizumabe não beneficia casos graves da Covid-19, segundo estudo

Cientistas brasileiros verificaram um risco maior de morte entre os pacientes com coronavírus que tomaram a droga. Os resultados serão analisados pela OMS

Por Frederico Cursino, da Agência Einstein*
Atualizado em 5 fev 2021, 16h14 - Publicado em 21 jan 2021, 14h47
Desenho do coronavírus
Resultados de um estudo brasileiros foram decepcionantes. (Ilustração: Fusion Medical Animation/Unsplash/Divulgação)
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Uma nova pesquisa brasileira traz um alerta sobre o uso do tocilizumabe para o tratamento de pacientes graves da Covid-19. Apontado pelo primeiro-ministro britânico Boris Johnson como uma esperança para salvar mais vidas naquele país, o medicamento para artrite não trouxe o benefício previsto em um teste feitos no nosso país.

Em artigo publicado no dia 20 de janeiro no periódico científica The British Medical Journal, pesquisadores da Coalizão Covid-19, responsável pelo estudo, relatam que as análises com o tocilizumabe precisaram ser interrompidas após 15 dias, depois de observarem um aumento das mortes entre pacientes que receberam o remédio. Também não foram encontradas vantagens da adição da droga ao tratamento padrão.

A Coalizão Covid-19 é uma aliança para condução de pesquisas formada por oito organizações de saúde do Brasil: Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute – BCRI, e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva – BRICNet. Os resultados apresentados pelo time serão incorporados a uma meta-análise da Organização Mundial da Saúde (OMS), que reunirá estudos para avaliar se o tocilizumabe pode ou não ajudar no tratamento da Covid-19 em algum contexto.

Atualmente, pesquisas em diversos países trazem resultados contraditórios. Uma delas, do projeto britânico Remap-Cap, indicou recentemente que a aplicação da droga 24 horas após a internação em UTI reduziu em 24% o risco de morte.

“No geral, os nossos resultados estão de acordo com a maioria dos estudos com tocilizumabe, exceto o Remap. Esse é um estudo maior do que o nosso, mas que não foi publicado ainda e tem sido um caso atípico em termos de benefício de sobrevida”, afirma o cardiologista Renato Lopes, diretor da BCRI e integrante do comitê executivo da coalizão.

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Segundo Lopes, outra investigação em desenvolvimento no Reino Unido, o Recovery, deverá trazer uma conclusão definitiva sobre a droga, dado o tamanho da sua amostra. “Olhando a totalidade dos dados disponíveis e publicados até o momento, acho que o tocilizumabe tem um papel limitado no tratamento de pacientes com a Covid-19, e sem claro benefício na sobrevida.”

Viviane Cordeiro Veiga, coordenadora de UTI da BP e integrante da Coalizão Covid-19, lembra que, por enquanto, apenas a dexametasona se mostrou comprovadamente eficaz no tratamento da doença em casos graves. “Porém, não de forma preventiva, e sim em pacientes que estão usando oxigênio”, reforça a médica intensivista.

Sobre a pesquisa

O tocilizumabe bloqueia uma substância produzida pelo sistema imunológico (interleucina-6), que pode estar associada a complicações da Covid-19. Para testar essa hipótese, os cientistas da Coalizão conduziram ensaio clínico randomizado comparando o uso do remédio incorporado ao tratamento padrão versus o tratamento padrão sozinho. Todos os voluntários estavam internados em estado grave ou crítico por causa do coronavírus.

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Quinze dias após a aplicação das doses, 28% dos pacientes que receberam tocilizumabe estavam recebendo ventilação mecânica ou morreram. No outro grupo, a proporção foi de 20%. O índice de óbitos entre quem tomou tocilizumabe foi de 17%. Já naqueles que ficaram apenas com o tratamento padrão, 3% morreram no mesmo período.

Os resultados se basearam em 129 adultos com idade média de 57 anos. Eles foram atendidos em nove hospitais brasileiros, entre 8 de maio e 17 de julho de 2020.

O aumento do número de mortes na turma que estava recebendo tocilizumabe levantou preocupações de segurança, ao ponto de a pesquisa ser interrompida precocemente. Em ambos os grupos, as mortes foram atribuídas a insuficiência respiratória aguda ou disfunção de múltiplos órgãos.

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Os pesquisadores brasileiros apontaram algumas limitações do trabalho, incluindo o pequeno tamanho da amostra, que afeta as chances de detectar um efeito assertivo.

*Este conteúdo é da Agência Einstein

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