Testosterona na menopausa: o que toda mulher precisa saber
No Dia Mundial da Saúde, ginecologista destaca o papel do hormônio no bem-estar da mulher durante a menopausa

Durante a menopausa, muitas mulheres experimentam uma série de sintomas que impactam diretamente a qualidade de vida: perda de libido, cansaço excessivo, diminuição da massa muscular, alterações no humor e redução da densidade óssea.
Embora a queda dos estrogênios seja a principal responsável por essas mudanças, a testosterona — hormônio tradicionalmente associado ao universo masculino — também pode ter papel nesse processo.
A testosterona é produzida em pequenas quantidades pelos ovários e pelas glândulas adrenais da mulher. Após os 40 anos, esses níveis começam a cair progressivamente e, com a chegada da menopausa, essa produção se reduz ainda mais.
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A reposição desse hormônio, quando indicada, pode trazer benefícios relevantes, mas deve ser feita com critério e responsabilidade.
Por que algumas mulheres precisam repor testosterona na menopausa?
A principal indicação da reposição de testosterona na mulher menopáusica é o desejo sexual hipoativo — um quadro clínico caracterizado por perda persistente de libido, ausência de fantasias sexuais e prejuízo na vida afetiva.
Além disso, há estudos que apontam potenciais benefícios da testosterona na melhora da energia, do bem-estar, da massa magra e da saúde óssea.
Mas é importante frisar: nem toda mulher na menopausa precisa repor testosterona. A avaliação deve ser feita por um médico especialista, com base em histórico clínico e sintomatologia. Em geral, as doses utilizadas são muito pequenas e devem ser ajustadas de forma personalizada.
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Como deve ser feita a reposição e quais os riscos do uso inadequado?
A forma mais segura e eficaz de repor testosterona é por meio de géis transdérmicos, adesivos ou formulações em creme, que permitem controle mais preciso da dose e absorção gradual.
O uso de implantes hormonais — popularmente conhecidos como “chips” — também tem sido cada vez mais comum, mas é uma opção que exige cautela, já que envolve liberação contínua do hormônio por vários meses e nem sempre permite ajustes de dose após a aplicação.
Além disso, não há estudos de eficácia e segurança sobre o uso de implantes hormonais manipulados, como são vendidos no Brasil, em mullheres.
Quando a testosterona é usada sem acompanhamento médico, em doses elevadas ou por tempo prolongado, os efeitos colaterais podem ser severos: aumento de pelos no rosto e no corpo, engrossamento da voz, acne, queda de cabelo em padrão masculino, alteração no perfil lipídico e até risco cardiovascular. Alguns desses danos são irreversíveis.
Estudos internacionais, como o relatório de consenso publicado em 2019 pela Sociedade Internacional de Endocrinologia da Mulher (ISSWSH e ISSAM), reforçam que a testosterona pode ser uma ferramenta segura e eficaz quando usada dentro de parâmetros clínicos bem estabelecidos.
Reposição hormonal é tratamento, não modismo
A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, e o tratamento hormonal deve sempre ter como objetivo o alívio dos sintomas e a melhora da qualidade de vida.
A testosterona não é um “elixir da juventude”, mas sim um hormônio que, quando bem indicado, pode contribuir significativamente para o bem-estar físico, emocional e sexual da mulher.
Por isso, é fundamental buscar orientação médica especializada e fugir de promessas milagrosas. Com responsabilidade, acompanhamento e informação, é possível viver a menopausa com mais saúde, vitalidade e equilíbrio.
* Ana Paula Horovitz é ginecologista e membro da Brazil Health
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)