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SUS vai disponibilizar insulinas de última geração produzidas no Brasil

Brasileiros com diabetes tipo 1 terão acesso à versão ultrarrápida utilizada com canetas aplicadoras, considerada mais prática e vantajosa à saúde

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 16 jun 2020, 10h07 - Publicado em 1 dez 2018, 12h14
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  • Pela primeira vez na história do país, uma insulina análoga humana de altíssima tecnologia e fabricada totalmente no Brasil será fornecida a pessoas com diabetes por meio do Sistema Único de Saúde. O medicamento, da farmacêutica Novo Nordisk, é o hormônio de ação ultrarrápida e, na rede pública, será destinado a pacientes com o tipo 1 da doença que preencham alguns critérios médicos. Ele já vem embutido em uma caneta para aplicação, dispensando frascos e seringas.

    Estima-se que 400 mil brasileiros de todas as regiões serão beneficiados com a distribuição pelo SUS.

    A insulina é feita na fábrica da Novo Nordisk, companhia de origem dinamarquesa, em Montes Claros, no norte de Minas Gerais. A unidade produz nada menos do que 15% de toda a insulina usada no planeta. Os lotes que saem de lá ainda correspondem a um quarto dos fármacos exportados pelo Brasil.

    De acordo com Allan Finkel, vice-presidente e gerente-geral do laboratório no país, a medicação que chega ao SUS é de uso mais simples, seguro e efetivo que as insulinas rápidas regulares, o que favorece a adesão do paciente. “É um avanço que reflete o compromisso da companhia em ajudar a reverter o cenário de que sete em cada dez diabéticos não alcançam o resultado esperado do tratamento”, declara.

    Em geral, pessoas com diabetes tipo 1 — versão da doença marcada pela agressão do sistema imune ao pâncreas, o que acaba com a produção de insulina pelo organismo — precisam usar dois tipos de insulina: a basal, de lenta duração, e a rápida ou ultrarrápida. A basal é aplicada logo pela manhã e seu efeito se estende ao longo de todo o dia (há versões cuja duração é ainda maior). Já as rápidas e ultrarrápidas são indicadas para os momentos que antecedem as refeições.

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    Enquanto a rápida demora cerca de meia hora para fazer efeito e atua por entre cinco e oito horas, a ultrarrápida age entre dez e vinte minutos e tem duração de três a cinco horas. “Ela simula melhor a ação da insulina produzida pelo nosso corpo”, observa o endocrinologista Rodrigo Mendes, gerente médico da Novo Nordisk.

    É a partir dessa característica que vêm à tona as vantagens da medicação ultrarrápida, conhecida como asparte. “Estamos falando de uma insulina que gera menos hipoglicemias, as quedas bruscas de açúcar no sangue, propicia menos ganho de peso e favorece a adesão ao tratamento diário”, analisa o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

    Fazendo as aplicações como manda o figurino, o diabético ganha qualidade de vida e menor risco de enfrentar as complicações da doença, como problemas cardiovasculares, perda de visão, falência renal, amputação de membros…

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    A caneta pré-preenchida com o hormônio, pronta para uso, é outro destaque. “Ela dá mais flexibilidade para o paciente, evita inexatidões com a dose, resiste mais ao calor, o que facilita transporte e manuseio, oferece menos dor no local da aplicação e menor risco de ferimentos”, lista Mendes. “Também faz um clique quando utilizada para guiar pacientes que já tenham algum déficit visual”, completa.

    Um estudo conduzido na Irlanda mostra que 95% dos diabéticos do tipo 1 preferem a caneta no dia a dia, em detrimento do modelo mais antigo e sujeito a falhas, dependente de frascos e seringas.

    Canetas aplicadoras de insulina
    Canetas de insulina na linha de montagem da Novo Nordisk em Montes Claros (MG) (Gui Soares (Foto)/SAÚDE é Vital)
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    Existem alguns critérios para o paciente receber a insulina asparte pelo sistema público em unidades especializadas de atendimento. Em primeiro lugar, deve ter o tipo 1 da doença e ser acompanhado periodicamente por um médico. Em segundo, já deve ter tentado, sem sucesso, o tratamento com a insulina rápida (ou regular) por pelo menos três meses, monitorando a glicemia com um aparelhinho, o glicosímetro, pelo menos três vezes ao dia.

    Outro critério é a ocorrência, em um período de três meses, de episódios frequentes ou graves de hipoglicemia, inclusive noturnas.

    A mesma medicação também está disponível na rede privada, ficando a cargo do médico elegê-la ou não para diabéticos do tipo 1 ou mesmo pessoas com o tipo 2 que dependem da insulinização. “No mundo ideal, todo paciente com diabetes tipo 1 deveria ter acesso à versão ultrarrápida, já que ela mimetiza melhor o processo que acontece naturalmente no organismo”, opina Couri.

    Calcula-se que entre 5 e 10% das pessoas com diabetes — um universo de 12,5 milhões de cidadãos no Brasil — tenham o tipo 1 da doença.

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