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Sol e praia podem favorecer quadros agudos de diarreia; saiba como evitar

Medidas como higienização das mãos e escolha cuidadosa dos alimentos são essenciais para evitar gastroenterites, intoxicações e outras encrencas no verão

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
12 dez 2023, 09h09

Praia, sol e verão: um cenário perfeito para quem aprecia o calor e busca um merecido descanso para celebrar o final do ano. No entanto, nos dias mais quentes, é comum enfrentar sintomas como dores abdominais, náusea, vômitos, diarreia, fraqueza e, em alguns casos, até febre

Esses sinais são frequentemente observados durante a estação e podem indicar um quadro de gastroenterite, cujas causas podem ser variadas, incluindo agentes infecciosos como vírus, bactérias, toxinas bacterianas ou até mesmo parasitas. Por isso, é importante manter a atenção e adotar medidas para evitar contratempos e preservar o prazer das férias.

O sinal clássico da gastroenterite é a diarreia aguda. As idas frequentes ao banheiro, acompanhadas de fezes amolecidas ou até líquidas, podem resultar em desidratação, e, se não tratadas adequadamente, levam a problemas mais graves. Esse quadro é especialmente preocupante em crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas.

+Leia também: Por que você não deve se bronzear com sol no verão?

De acordo com a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, o problema pode ocorrer devido ao consumo de água ou alimentos contaminados. Os alimentos tendem a se deteriorar mais facilmente em altas temperaturas, especialmente quando não são devidamente refrigerados e manipulados. 

“No verão, aumentam os quadros diarreicos porque a conservação dos alimentos fica prejudicada com o aumento da temperatura, especialmente nas barracas de praia e nos ambulantes. Provavelmente, aquele alimento não está devidamente conservado e começa a ocorrer proliferação de bactérias. Eventualmente, essas bactérias produzem toxinas”, explica Emy.

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A infectologista ressalta que nem sempre um alimento contaminado apresenta aparência, aspecto ou gosto ruim. Ainda assim, a ingestão pode levar a um quadro diarreico. 

“Em alguns quadros, a diarreia e o vômito são tão intensos que a pessoa não consegue fazer a reposição de líquidos por via oral nem ingerir nenhuma medicação para cortar o vômito. Nesses casos, a gente recomenda procurar o atendimento médico, porque no pronto-socorro a hidratação é feita de forma mais efetiva e rápida, assim como a infusão de medicamentos pela via endovenosa”, afirma a médica.

Outros sinais de alerta são febre alta e diarreia com muco, sangue ou pus.

Cuidados com as crianças

O infectologista Marco Aurélio Safadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ressalta que, nesta época do ano, as crianças muitas vezes se expõem a temperaturas muito altas, não se hidratam adequadamente e correm o risco de sofrer insolação e desidratação.

“Os pais devem tomar cuidado com o excesso de calor e manter crianças sempre hidratadas. Como nem sempre sabemos a origem da água, eles devem privilegiar o consumo de água mineral em embalagens fechadas para garantir maior segurança”, diz.

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Há vários agentes causadores da gastroenterite infecciosa. Entre os vírus, os mais comuns são o norovírus, o rotavírus e o adenovírus. 

O norovírus, em particular, é amplamente conhecido no verão: ele é um dos agentes infecciosos mais prevalentes e altamente transmissível. Além disso, sua resistência a alguns produtos de limpeza é um agravante, permitindo que permaneça em superfícies higienizadas.

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Devido à facilidade de transmissão, o norovírus costuma provocar surtos de infecção em praias e cruzeiros marítimos. Em janeiro de 2023, por exemplo, a cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, enfrentou um surto de norovírus, registrando seis vezes mais casos de pessoas com Doença Diarreica Aguda (DDA) em apenas um mês do que durante o ano inteiro de 2022.

“O norovírus é muito prevalente. Antes, o rotavírus era a principal causa de hospitalização por diarreia no Brasil. Mas, desde que implementamos a vacinação contra o rotavírus [já são mais de 15 anos que o imunizante está na rede pública], diminuímos de forma relevante as hospitalizações por causa do rotavírus. Hoje, o norovírus é a causa número um de internação por diarreia”, frisa Safadi.

O infectologista acrescentou que o norovírus é um agente que acomete todos os grupos etários, com período de incubação curto – os sintomas aparecem rapidamente após a contaminação, geralmente em 24 horas. “Em idosos e crianças, pode ser severo. Não há vacina contra o norovírus nem remédio específico. O que a gente faz é tratar a desidratação”, alertou. 

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Entre as bactérias conhecidas por causar diarreia e que geralmente contaminam água e alimentos, destacam-se a Salmonella, a E. coli, o Campylobacter, a Shigella, entre outras. Algumas delas têm a capacidade de produzir toxinas, o que resulta em um quadro diarreico que se manifesta rapidamente, muitas vezes em questão de horas. 

No entanto, é importante notar que, nessas situações, a melhoria também pode ocorrer de maneira rápida.

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Leve seu próprio alimento para a praia

Como não é possível evitar a presença desses micro-organismos na praia, a recomendação é levar o próprio alimento para a areia. Dê preferência a produtos embalados e que não exijam refrigeração ou não estraguem facilmente com o calor. 

Caso opte por levar lanches, é aconselhável armazená-los em caixas térmicas para manter a temperatura adequada. Se notar que o gelo da caixa já derreteu, o ideal é descartar o alimento.

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Se a pessoa preferir consumir produtos nas barracas da praia, a recomendação é evitar a ingestão de preparos crus, além de escolher comprar a comida em uma barraca ou quiosque em que seja possível observar como os alimentos estão conservados, higienizados e manipulados. 

“É importante salientar que vamos para a praia nos divertir e não precisamos deixar de comer. A dica é observar o comportamento daquele vendedor, se a barraquinha dele está limpa, se ele higieniza as mãos adequadamente antes de manipular o alimento”, pondera Emy.

A infectologista do Einstein ressalta ainda que o uso de luvas nem sempre significa que a higienização está adequada. “Muitas vezes, o profissional usa uma única luva durante todo o processo: manipula o alimento, mexe com o dinheiro, vai até a lixeira. Não adianta. O ponto essencial é a higiene correta das mãos e no momento adequado”, alerta.

Outra questão importante envolve o gelo consumido na praia. Com o calor, a tendência é pedir bebidas com gelo em cubos, mas é preciso saber a procedência dessa água. “As raspadinhas, por exemplo, são um perigo, porque não sabemos a origem daquela água. Um copo pode estragar a viagem”, ressalta Emy.

É importante também lembrar de checar se a água da praia está própria para banho, porque muitos agentes infecciosos causadores de diarreia estão no mar – até um simples banho pode se tornar uma fonte de contaminação.

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“Muitas vezes, o acúmulo de pessoas nas praias sobrecarrega a infraestrutura das cidades litorâneas. A água do mar pode estar contaminada nessa época porque há um volume maior de esgoto, inclusive com ligações clandestinas. Isso leva à contaminação por coliformes fecais, que provocam desde infecções de pele até gastroenterites”, alertou Safadi. 

Como é o tratamento?

Não existe um tratamento específico para as gastroenterites causadas por vírus. Em geral, envolve medicação para alívio dos sintomas, muita hidratação com soro ou água de coco, consumo de alimentos leves e esperar repouso. 

Já algumas infecções bacterianas, o uso de antibióticos pode ser indicado, mas isso depende de uma consulta clínica. Já para a intoxicação alimentar causada por toxinas, não há um tratamento específico; geralmente, a abordagem é controlar os sintomas com supervisão médica e aguardar a resolução do quadro.

“O mais importante é a hidratação. Se o paciente não conseguir, deve procurar o pronto-socorro. Em casos de diarreia, também não recomendamos que usem produtos para segurar a diarreia por conta própria, o médico vai indicar se essa medicação pode ou não ser utilizada de acordo com o quadro clínico”, finaliza Emy.

Este conteúdo foi produzido pela Agência Einstein

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