O que é o clonazepam e como age?
Conhecido popularmente pelo nome comercial Rivotril, o clonazepam é um medicamento ansiolítico que faz parte do grupo dos benzodiazepínicos. Devido ao efeito sedativo, ele inibe as funções do sistema nervoso central.
“Isso ocorre a partir da potencialização da ação do ácido gama-aminobutírico. Trata-se de um neurotransmissor inibitório, responsável por diminuir a excitação, a agitação, a tensão e o estado de alerta, trazendo relaxamento, sonolência e sensação de calma”, descreve a psiquiatra Gisele Gus Manfro, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Quando o remédio é indicado
Ele é utilizado no tratamento dos vários tipos de distúrbios de ansiedade – como síndrome do pânico, transtorno de ansiedade generalizado e ansiedade social – e para acatisia, que é uma inquietação extrema, geralmente provocada por remédios psiquiátricos.
Só dá para comprar o clonazepam com uma receita médica especial, que fica retida na farmácia. Isso porque há um alto risco de a droga causar dependência.
“Quando a pessoa tenta parar, sente abstinência e interpreta esse sintoma como o retorno da ansiedade. Aí, pensa que precisa voltar a usá-lo”, relata Gisele.
Quais as formas de administração
Essa droga está disponível em comprimidos, consumidos via oral ou sublingual, e em gotas.
“A apresentação sublingual possui uma absorção e um início de ação mais rápidos. Seu pico de concentração no sangue ocorre em alguns minutos e o efeito dura horas”, conta a médica. Mas o tempo exato depende da sensibilidade e do metabolismo da pessoa.
Essa opção normalmente é usada quando acontece uma crise de pânico, já que é importante ter um resultado imediato e garantir que o paciente permaneça tranquilo por um período.
“A administração via oral começa a ter efeito dentro de 30 a 60 minutos e continua agindo por pelo menos 10 a 12 horas”, diferencia a psiquiatra.
Quanto tempo dura o tratamento?
Gisele explica que a terapia farmacológica para transtornos de ansiedade precisa ter duração de no mínimo um ano. Contudo, a médica ressalta que qualquer benzodiazepínico deve ser usado somente ao longo de três ou quatro semanas, devido à possibilidade de dependência.
“Geralmente, quando você começa o tratamento com outro tipo de medicação, ela leva um tempo para fazer efeito. Então, receitamos o clonazepam nas primeiras semanas do tratamento para que o paciente consiga tolerar a ansiedade enquanto ainda não sente a ação da outra droga”.
Quais são os efeitos colaterais?
A lista de eventos adversos do clonazepam incluem:
● Sonolência
● Dor de cabeça
● Cansaço
● Alteração de memória
● Depressão
● Vertigem
● Irritabilidade
● Insônia
● Dificuldade para coordenar movimento ou caminhar
● Perda de equilíbrio
● Náuseas
● Dificuldades de concentração
Além disso, esse medicamento interage com outros remédios que atuam no sistema nervoso central e também com bebidas alcoólicas.
“Tanto o álcool como a droga atuam como depressores do sistema nervoso central. Então, o efeito dos dois fica potencializado, diminuindo a excitação cerebral”, esclarece a expert.
Quem não pode usar clonazepam?
Esse remédio não deve ser consumido na gravidez, por causa do risco de malformação do feto, nem durante a amamentação, já que ele é transferido ao bebê através do leite. Caso a nova mamãe precise utilizá-lo, o aleitamento materno deverá ser descontinuado.
O clonazepam é indicado a crianças apenas no tratamento de distúrbios epilépticos. Se for receitado a idosos, as doses devem ser baixas, já que os efeitos colaterais aumentam ainda mais a probabilidade de tombos.
O que acontece se houver superdosagem?
Se o medicamento for usado isoladamente, a superdosagem raramente está associada ao risco de morte. “No entanto, em alguns casos podem ocorrer ausência de reflexos, apneia, hipotensão arterial, depressão cardiorrespiratória e até coma”, alerta Gisele.
Quais os cuidados durante o tratamento
Por causa dos eventos adversos do clonazepam, os pacientes precisam evitar qualquer atividade que exija atenção e uma tomada de atitude rápida, como dirigir e operar maquinários.
A psiquiatra reforça o aviso sobre o risco de quedas entre idosos. “É importante tomar o remédio deitado e ter alguém por perto”, orienta.
Como deu para perceber, essa é uma droga que, a despeito dos benefícios, tem lá seus poréns. Por isso, é imprescindível usá-la com prescrição e, claro, acompanhamento médico.