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Qual a diferença entre intoxicação por metanol e embriaguez?

Entenda como a substância tóxica é metabolizada no corpo e como diferenciar seus efeitos do abuso de álcool

Por Da redação, com informações de Guilherme Jeronymo, da Agência Brasil*
Atualizado em 30 set 2025, 11h46 - Publicado em 30 set 2025, 09h59
metanol-intoxicacao
Consumo de álcool aumenta em grupos mais vulneráveis aos efeitos da substância. (Foto: Dercílio/SAÚDE é Vital)
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Os casos recentes de mortes provocadas por drinques contaminados por metanol levantaram a dúvida. Afinal, como diferenciar um quadro de embriaguez ou excesso de álcool de uma intoxicação pela substância?

Apesar de quimicamente muito parecido com o etanol o álcool comum presente nas bebidas , o metanol tem dinâmica de degradação no corpo humano muito diferente e perigosa, podendo causar danos permanentes ou levar à morte mesmo em doses baixas.

Eles não são metabolizados da mesma maneira pelo corpo. O etanol se transforma em molécula conhecida como acetaldeído, que é tóxico, mas manejável pelo fígado, que o converte em ácido acético (o mesmo do vinagre). O ritmo e a capacidade de cada pessoa para lidar com o álcool varia de acordo com fatores como idade, peso e saúde do fígado.

Ele pode causar dependência, intoxicação e mesmo a morte, se em quantidades acima da capacidade de metabolismo do organismo, além de ser fator de risco para doenças do fígado, do coração e dos rins. Hoje, há um consenso científico de que não existe dose segura de álcool.

Como o metanol atua no corpo?

O metanol segue o mesmo caminho, mas produz formaldeído. Esse composto é transformado em ácido fórmico (encontrado na natureza em algumas formigas, abelhas e plantas). O passo seguinte é seu metabolismo com ácido fólico, gerando água e gás carbônico, mas isso ocorre em um ritmo muito lento, e esses produtos podem se acumular em alguns órgãos.

Ai começam os problemas: o acúmulo sobrecarrega inicialmente o sistema nervoso, principalmente o nervo óptico, e um dos sintomas mais característicos são as alterações na visão ou mesmo cegueira, que podem ser breves, duradouras ou até permanentes.

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O pior dos cenários, porém, é de uma intoxicação severa, onde a concentração de ácido fórmico no sangue leva a uma sobrecarga no metabolismo intracelular, afetando as mitocôndrias. Elas são responsáveis pela geração de energia dentro das células e qualquer coisa que as afete terá impacto em todo o corpo.

Sintomas da intoxicação por metanol

Os sintomas iniciais aparecem, em média, de 12 a 14 horas após a ingestão, informou Hanna Flávia Gomes, oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos do Distrito Federal, e variam entre dores de cabeça, náuseas e vômitos, dores abdominais, confusão mental, visão turva repentina ou cegueira. Quem tem esses sintomas não irá apresentar necessariamente todos eles, nem irão aparecer em ordem específica.

“É importante procurar um médico logo, pois o tratamento adequado depende dos exames iniciais e da confirmação no laboratório. Doses a partir de 10 ml já podem causar cegueira”, alerta a especialista.

Entre os tratamentos possíveis estão o uso de corretores de acidez, como bicarbonato, o tratamento com vitaminas, como ácido fólico e com antídotos, como etanol venoso, ou mesmo a hemodiálise em casos graves, mas não se deve tentar soluções caseiras, pois a situação tende a piorar com o acúmulo no organismo e se agravar em pouco tempo após os primeiros sintomas.

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Diferenças entre os efeitos do etanol e metanol

A diferença nos sintomas talvez seja a melhor forma de identificar se a bebida continha uma mistura de etanol e metanol. Enquanto o primeiro gera desconforto e impactos imediatos, mesmo os mais graves, os sintomas do metanol vão aparecer aos poucos, pois o corpo metaboliza a substância lentamente, explicou o neurocirurgião André Meireles Borba.

Os sintomas, segundo ele, tendem a aparecer algumas horas depois da ingestão e vão se agravando.

“Mesmo que você tenha ingerido álcool, se horas depois da ingestão você começar a sentir sintomas que sejam diferentes dos habituais, especialmente se envolvem a alteração da parte visual, deve haver alguma preocupação. Especialmente se os sintomas, em vez de diminuírem, forem piorando ao longo das horas”.

Entre os sintomas possíveis estão cegueira, intolerância à luz, névoa e aparecimento de manchas na visão.

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O perigo maior

Apesar dos sinais relacionados ao nervo óptico serem os mais comuns, Borba esclarece que o mais perigoso são os sintomas do que seria a “intoxicação das mitocôndrias”.

“Normalmente, elas fazem a respiração bioquímica, que é a produção de energia dentro das células, por meio do metabolismo do açúcar no sangue, que não é o açúcar que comemos, já é um produto dele, geralmente açúcares menores e gorduras”, explica Borba. Esse processo é desequilibrado pelo metabólito do metanol, o formaldeído.

“Na prática ele ‘gruda’ no citocromo [proteína envolvida neste processo], o que faz com que ele pare de funcionar. Se a gente comparar esse funcionamento com o pistão do motor de um carro, é como você encher o pistão de água, e isso impede seu funcionamento”, ilustra o médico. É como um processo de asfixia em nível celular, muito difícil de tratar e, a partir de um certo ponto, irreversível. “As células deixam de produzir energia, não tem como a gente trocar isso”, conclui.

A orientação dos especialistas, assim como de todos os órgãos técnicos, é procurar o atendimento em serviços de urgência próximos imediatamente. As unidades trabalham com protocolos de triagem e podem diferenciar rapidamente tipos distintos de intoxicação. Mesmo serviços locais de saúde têm redes de referência que podem orientar os profissionais para o atendimento rápido e adequado.

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