Além de febre e mal-estar, o vírus chikungunya pode provocar complicações no longo prazo, como inflamações nas articulações, que causam dores fortes, inchaço e limitação de movimento. São sintomas parecidos com os da artrite reumatoide. Casos mais raros de problemas neurológicos, a exemplo da Síndrome de Guillain Barré, foram reportados.
As três fases do chikungunya
A reumatologista Cláudia Marques, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explica que a infecção por esse vírus (CHIKV) tem três estágios possíveis. “Primeiramente, há o momento agudo, que dura 14 dias. Nesse momento, o paciente sente febre e dores articulares e surgem manchas no corpo”, introduz. “Passada a fase aguda, ele entra na subaguda, que se prolonga por três meses, e depois a crônica”, complementa.
Segundo a especialista, 30% dos pacientes que adoecem evoluem para o quadro crônico, com sintomas sem prazo para acabar – falaremos dessas consequências na sequência.
Existem fatores que contribuem para as complicações duradouras: idade avançada, ser mulher, sentir as articulações doerem muito na fase aguda da infecção e já possuir certas enfermidades, como diabetes e artrite reumatoide.
Contar com níveis elevados de sorologia para o vírus (uma alta concentração dele no sangue, o que é medido em exames) é outro ponto que aumenta o risco de sequelas no longo prazo.
Quais os sintomas da fase crônica do chikungunya?
Uma das preocupações com o chikungunya envolve justamente os estragos alongados que ele eventualmente ocasiona. Diferentemente da dengue, que não deixa sequelas duradouras, esse vírus transmitido pelo pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus tem potencial para gerar uma inflamação persistente nas articulações, principalmente nas mãos e nos pés. Acredita-se que ele conseguiria se esconder dentro dessas estruturas
“A dor tende a melhorar ao longo do tempo, mas há um grupo na qual o chikungunya evolui como se fosse uma doença inflamatória. De 5 a 10% dos pacientes terão um quadro persistente, similar a uma artrite reumatóide”, relata Cláudia.
Embora a dor articular seja a complicação crônica mais frequente, ela não é a única. Há a possibilidade de o vírus desencadear problemas neurológicos, como Parkinson e síndrome de Guillain Barré, e até mesmo depressão.
Como funciona o tratamento
Independentemente do estágio em que a febre chikungunya se encontra, existe tratamento para as dores articulares. Os pacientes que não desenvolvem a versão inflamatória da doença são tratados com analgésico, fisioterapia e atividade física. O objetivo é amenizar a dor, a rigidez e a dificuldade em movimentar as articulações.
“Já no grupo com esse processo inflamatório contínuo, usamos medicamento para artrite reumatóide, como corticóide oral ou eventualmente injetável, entre outros”, conclui a reumatologista.
Como os estudos com essa enfermidade ainda são recentes, restam dúvidas sobre como tratá-la. O ideal é, em caso de uma infecção comprovada, conversar com um médico especialista quanto antes.