Principalmente com a chegada do verão, vemos artistas, influencers e até nossas amigas nas redes sociais exibindo a famosa marca de biquíni. Mas é consenso entre os dermatologistas: não existe bronzeamento de sol saudável.
Agora que o verão está prestes a chegar, VEJA SAÚDE entrou a fundo na história.
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O que é o bronzeamento e qual o risco?
Todos temos, em maior ou menor concentração, a melanina, o pigmento que dá a cor a pele, pelos e cabelos. Esse composto existe como uma barreira física natural de proteção ao sol.
Funciona assim: em casos de alta exposição à radiação solar, os melanócitos da pele, as células que produzem esse pigmento, trabalham em dobro. Isso para gerar mais melanina e tentar proteger o corpo dos danos causados pelos raios ultravioleta (UVA e UVB). É assim que surge o bronze.
“É um mecanismo para tentar evitar grandes alterações pelos raios solares, que podem originar um câncer”, alerta o médico Marcus Maia, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e coautor do Consenso Brasileiro de Fotoproteção.
Só que tem um detalhe importante: “Se a pessoa pega cor, significa que os raios UV já atingiram o DNA das células da pele”, alerta Maia.
Ou seja, mesmo sem uma queimadura propriamente, o bronzeamento da pele significa que doses consideráveis de radiação alcançaram o núcleo das células. Os melanócitos até tentam minimizar esse efeito produzindo os melanóticos, mas essa proteção nunca é 100%, segundo Maia.
Claro que queimaduras sinalizam um dano maior, porém os raios UVA são mais complexos do que isso.
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Mas o que a radiação UV causa?
De forma resumida, podemos afirmar que os raios UVA atingem mais a derme, enquanto os UVB, a epiderme.
Epiderme é a camada mais superficial da pele. É nela que os raios UVB (apenas 5% da radiação solar) são absorvidos.
Esse tipo de radiação é o principal responsável pelo bronzeamento da pele e pelas queimaduras solares, também chamadas de eritemas.
Para você ter noção, 20 minutos de exposição sem filtro solar já podem causar queimadura, principalmente em pessoas de pele clara.
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Já os raios UVA (95% da radiação solar) penetram mais fundo e são absorvidos pela derme, uma camada intermediária da pele. Como resultado, seus danos são menos notados.
Ainda assim, esses raios aumentam a produção na pele de radicais livres, moléculas que favorecem alterações no DNA. E isso, com o tempo, aumenta o risco de câncer de pele.
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Quais as principais consequências de se bronzear?
Resumindo, a alta exposição solar causa manchas, envelhecimento precoce, insolação e câncer.
Para aproveitar o sol, o indicado é usar protetor na quantidade correta e fazer reaplicações a cada duas horas, principalmente em ambientes de alta exposição, como praias.
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E atenção: de acordo com Maia, se passou protetor e mesmo assim ficou bronzeado, ou você aplicou produto de menos, ou não reaplicou na hora certa. “Quando o filtro solar é colocado corretamente, você não pega cor”, reitera o dermatologista.
Lembrando que a quantidade certa de protetor solar a ser aplicada é 2mg/cm³ de pele. A SBD traduziu isso em colheres de chá para facilitar:
- Deve-se usar 1 colher para rosto e pescoço
- 2 para o tronco (uma para a parte da frente e outra para a de trás)
- 1 para cada braço
- 2 para cada perna (uma para a parte da frente e outra para a de trás de cada uma).
Sim, é bastante coisa – e considere que FPS mínimo é de 30.
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E existe produto bronzeador que não depende do sol?
Sim, porém o uso deles se resume a questões estéticas – não há benefícios para a saúde em aplicá-los.
Os chamados “autobronzeadores” ou “jet bronzers” são produtos à base de hidroxiacetona, substância que reage com a pele e estimula a fabricação de um pigmento, a melanoidina.
Essa reação não faz mal, e a cor aparece uma hora após a aplicação. O resultado perdura por até sete dias.
“Ou seja, nada que envolva desgaste pelo sol”, conclui a dermatologista Lilia Guadanhim, membro da SBD.
E a vitamina D?
Essa substância é muito importante para o corpo, e depende da radiação solar para ser produzida. Mas os especialistas indicam que 15 minutos de exposição ao ar livre já são suficientes para esse fim. Segundo os entrevistados para esta reportagem, é possível produzir vitamina D mesmo usando protetor solar.
E, em casos muito específicos, médicos podem prescrever suplementos à base de vitamina D. Converse com um profissional.