O Conselho Federal de Medicina (CFM) havia criado no dia 6 de fevereiro de 2019 uma nova regulamentação sobre o atendimento a distância mediado por plataformas tecnológicas – a tal telemedicina. Esse documento definia limites e exigências prévias para o uso dessa estratégia.
Contudo, outras entidades alegaram que ela prejudicaria a relação entre o paciente e o doutor e reclamaram que não foram consultadas. Diante das queixas, o documento foi revogado no fim do mesmo mês.
Só que esse passo atrás não proíbe a telemedicina. Até porque já existe uma norma vigente do CFM, de 2002, que a norteia de forma genérica (e considerada obsoleta). Ou seja, enquanto nada é feito, os pacientes e os médicos estão sujeitos a abusos e arbitrariedades.
Veja, a seguir, possíveis vertentes desse modelo de telemedicina no Brasil:
Consulta online
Você se conecta com o médico via celular ou computador com câmera e microfone. Esses dispositivos permitem ao profissional complementar a investigação do paciente — apurando como ele se sente, observando alguma alteração na pele ou na respiração…
Mas não se recomenda firmar o primeiro contato a distância, a não ser em condições extremas. E, sempre que necessário, as visitas cara a cara devem ser repetidas.
Bate-papo entre autoridades
Mesmo separados por quilômetros, os especialistas podem recorrer à tecnologia para discutir certos casos — respeitando o sigilo e as vontades do paciente. Ou abordar novas pesquisas e descobertas em nome de um melhor atendimento.
Leitura de exames
Exemplo: um paciente faz eletrocardiograma no Rio Grande do Sul mas os resultados são interpretados por um perito no Paraná. A análise poderia ocorrer em tempo real ou enviando as informações brutas do exame para o computador do médico, que o avaliaria e emitiria um laudo posteriormente.
Monitoramento 2.0
É uma maneira de, mesmo longe, acompanhar quem precisa de constante supervisão. Aparelhos acoplados em um sujeito enviam dados sobre batimentos cardíacos, pressão e outros parâmetros para o computador do médico. Se ele notar algo estranho na tela, solicita assistência ao paciente.
Cirurgia a distância
Parece loucura, porém não há mais barreiras tecnológicas para um especialista do Norte do país comandar os movimentos de uma máquina durante uma cirurgia robótica que está sendo realizada no Sul. No entanto, é primordial ter outro médico ao lado do paciente e ótimos sistemas de internet e de segurança da informação.
As regras de ouro para aproveitar a telemedicina
Sincronia entre o velho e o novo: a tecnologia deve agregar, não limitar. Se ela está piorando o atendimento, há que se repensar a estratégia.
Estrutura adequada: vai da qualidade da internet aos dispositivos usados. Sem condições, o serviço será afetado.
Segurança e consentimento: o médico não pode revelar dados do paciente a terceiros (laboratórios, colegas…) sem autorização.
Informações do especialista: registro profissional, endereço físico… Conheça o médico e faça a primeira consulta presencialmente.
Formação em telemedicina: há cursos sobre o atendimento a distância. Verifique se o médico realizou algum e se tem experiência.