Todo ano, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês) elege o que considera ter sido o grande avanço contra o câncer. E, em 2019, quem levou essa honraria foram os progressos no tratamento de tumores raros.
Embora cada uma dessas doenças afete poucas pessoas, em conjunto elas se tornam um problema de saúde pública considerável. Veja: 20% de todos os tumores diagnosticados nos Estados Unidos são tidos como raros. Não é pouca coisa.
“É animador ver avanços substanciais ao longo de só um ano, particularmente contra os cânceres raros”, reforça Monica Bertagnolli, presidente da Asco.
Em um comunicado, essa entidade listou alguns exemplos de melhorias no tratamento desse subgrupo de tumor. Exemplos:
• O governo dos Estados Unidos aprovou o primeiro tratamento em 50 anos para o carcinoma anaplásico da tireoide. É uma combinação de dois remédios modernos – o dabrafenibe e o trametinibe – que conseguiu reduzir a doença em dois terços.
• Estudos mostraram que o medicamento sorafenibe é o primeiro a aumentar o tempo de vida sem progressão de doença em tumores desmoides.
• Já o fármaco trastuzumabe freou o avanço de um dos tipos mais agressivos de câncer do endométrio, o carcinoma seroso uterino.
Por outro lado, recentemente tivemos uma má notícia. O olaratumabe, que havia sido aprovado para enfrentar o sarcoma de partes moles após décadas sem um tratamento específico, acabou indo mal em uma grande pesquisa que tentava provar sua eficácia.
Onde a ciência deve se concentrar para vencer o câncer
Além de apontar o maior avanço de ano, a Asco criou uma lista de nove prioridades dentro da oncologia. A ideia é oferecer uma espécie de guia para cientistas preencherem lacunas de conhecimento na área e, com isso, minimizarem o impacto do câncer em geral na vida das pessoas. Veja:
1. Identificar estratégias que predizem uma melhor resposta dos tratamentos com imunoterapia
2. Definir melhor os pacientes que mais se beneficiam de tratamentos depois da cirurgia
3. Trazer os avanços das terapias celulares para os tumores sólidos
4. Aumentar as pesquisas com remédios de última geração em cânceres pediátricos
5. Otimizar os cuidados com o paciente mais velho
6. Melhorar o acesso de voluntários aos tratamentos experimentais
7. Reduzir as consequências do tratamento contra o câncer no longo prazo
8. Diminuir a obesidade e seu impacto na incidência e nos desfechos contra o câncer
9. Identificar estratégias para detectar lesões pré-malignas (que, se não tratadas, podem virar um câncer)