Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostra que a música pode intensificar os efeitos de medicamentos contra a hipertensão arterial. O estudo, feito em parceria com a Faculdade de Juazeiro do Norte, a Faculdade de Medicina do ABC e a Oxford Brookes University (Inglaterra), identificou os benefícios da associação em 37 pacientes.
Os participantes da pesquisa foram avaliados durante dois dias. No primeiro, logo após tomar a medicação, eles escutaram música durante uma hora. No segundo, os remédios foram administrados, mas sem nenhuma melodia como pano de fundo (os voluntários apenas usavam fones).
“Nós concluímos que a música intensificou, em curto prazo, os efeitos benéficos do medicamento anti-hipertensivo sobre o coração”, disse o coordenador do estudo, o professor do Departamento de Fonoaudiologia da Unesp, Vitor Engrácia Valenti.
Para verificar esses resultados, foi usado o método da variabilidade da frequência cardíaca, que tem mais precisão e sensibilidade para avaliar as alterações no coração. Entre os benefícios observados estão a desaceleração dos batimentos e a redução da pressão arterial.
Os pacientes foram estimulados com sons instrumentais das cantoras pop Adele e Enya. “Nós pensamos nessas músicas porque são mais popularmente aceitas”, comentou Valenti. O grupo pesquisa os impactos da música sobre o coração desde 2012 e, nos experimentos anteriores, utilizou composições eruditas.
Como a música age contra a pressão alta
A partir de estudos feitos em animais, a teoria dos pesquisadores é que ela aumenta a absorção dos remédios pelo organismo. “[A música age sobre] um nervo que estimula o sistema gastrointestinal, causa uma vasodilatação e eleva a absorção do intestino nos animais. Uma hipótese é que a música acelerou a absorção do medicamento pelo intestino”, explicou o coordenador do trabalho.
Além de potencializar o tratamento em pacientes cardíacos ou hipertensos, Valenti acredita que a música pode se tornar um método auxiliar para prevenir o desenvolvimento da doença em pessoas com essa propensão. “A música pode ser associada com o medicamento para melhorar ainda mais a saúde dos pacientes, até preventivamente, quando a pessoa tem risco de desenvolver uma doença cardiorrespiratória”, acrescentou.
No entanto, é muito cedo para de fato saber os motivos por trás da melhora proprocionada pela música – e mesmo se esses benefícios de fato impactam na saúde do paciente. Até porque o estudo envolveu poucos voluntários e foi feito por um curtíssimo período de tempo – como já dissemos, por não mais do que dois dias.
Este conteúdo foi publicado originalmente na Agência Brasil.