4 fatos que toda mulher deve saber sobre o exame de papanicolau
Esse teste é cercado de desinformação, o que ajuda a aumentar a incidência e a mortalidade por câncer de colo de útero pelo Brasil
Embora esteja disponível na rede pública, o exame de papanicolau é subutilizado no Brasil. Não à toa, nosso país sofre com muitos casos de câncer de colo de útero — e uma taxa preocupante de mortes, em especial nas regiões Norte e Nordeste.
Só em 2016, 16 340 mulheres foram diagnosticadas com essa doença (que poderia ser erradicada se controlássemos as infecções pelo vírus HPV), segundo dados do Instituto Nacional de Câncer. E pior: 44% delas só detectaram o problema quando ele atingiu um estágio avançadíssimo, que reduz drasticamente as chances de cura.
O fato é que ainda conhecemos pouco sobre o papanicolau. Até por isso, o Instituto Oncoguia organizou um evento para informar os próprios jornalistas sobre esse exame e o tumor de colo de útero em geral.
Durante o workshop, o ginecologista Julio Resende, coordenador do Programa de Rastreamento de Cânceres Ginecológicos do Hospital de Câncer de Barretos (SP), esclareceu alguns pontos-chave que geram bastante confusão sobre o papanicolau. Veja abaixo:
1) O papanicolau não é feito para detectar DSTs
Não pense que esse exame vai captar toda e qualquer doença sexualmente transmissível. Na verdade, ele sequer confirma a presença do vírus HPV. Em resumo, o teste rastreia a presença de lesões pré-cancerosas (que são provocadas pelo vírus em questão).
Claro que, durante a avaliação do ginecologista, a busca por DSTs em geral também deve ser contemplada. Só que os meios de fazer isso são outros. Recado final deste item: pergunte para o profissional se ele pretende realizar o papanicolau ou não.
2) O resultado demora alguns dias para sair
Muitas mulheres imaginam que esse exame consiste apenas em uma observação atenta do colo do útero. Não se engane: durante o procedimento, o expert coleta material com um equipamento e, na sequência, envia-o ao laboratório para uma análise mais complexa.
É importantíssimo cobrar os resultados para ver se está tudo em ordem — e não se satisfazer com uma avaliação puramente clínica se o objetivo é prevenir o câncer de colo de útero.
3) É um exame preventivo
Como já dissemos, a sacada do papanicolau é indicar lesões pré-cancerosas — ou seja, que vão originar um tumor se não forem removidas a tempo. Trata-se de uma estratégia diferente da mamografia, por exemplo, que detecta o câncer de mama em si.
Portanto, quando você se submete com regularidade ao papanicolau, o risco de desenvolver um tumor de colo de útero, mesmo que inicial, cai demais. Trocando em miúdos, não é um método para diagnosticar a doença, mas para impedir que ela apareça.
Aliás, se o resultado sugerir alguma anormalidade, você precisará realizar outros testes, como a colposcopia, para que os especialistas de fato saibam o que está acontecendo. Entendido?
4) Não precisa ser feito todo ano
As Diretrizes Brasileiras Para o Rastreamento do Câncer de Colo de Útero, do Ministério da Saúde, são claras. Segundo elas, as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual devem começar a fazer o papanicolau a partir dos 25 anos.
As duas primeiras avaliações precisam, sim, ser realizadas com um intervalo de um ano entre elas. Mas, se ambos os resultados vierem negativos (o que é bom), as próximas podem ser repetidas de três em três anos — sem prejuízos às mulheres, que fique claro.
É possível interromper essa estratégia de rastreamento aos 64 anos, desde que os últimos dois exames não tenham indicado sinais suspeitos. Agora, mulheres mais velhas que nunca realizaram o papanicolau se beneficiam ao recorrer a ele mesmo depois dessa faixa etária.