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Mortes atribuídas ao abuso de álcool subiram 24% durante a pandemia

O consumo exagerado de bebidas alcoólica, uma consequência do isolamento forçado, matou mais em 2020 do que em anos anteriores

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 27 jun 2022, 12h27 - Publicado em 24 jun 2022, 16h52
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  • A pandemia do coronavírus fez subir o consumo de alcoólicos na população, segundo pesquisas feitas durante esse período. Agora foi possível também medir a consequência dessa mudança de hábito. O relatório “Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2022” aponta que as mortes totalmente atribuíveis ao abuso de bebidas aumentaram 24% em 2020 – pontuação inédita nos últimos dez anos.

    Esses óbitos atingiram mais os adultos de 35 a 54 anos (25,6%), e, na sequência, a faixa dos 55 anos (23%). Entre os jovens de 18 a 34 anos, o índice também não é modesto: 19,5%. Há pouca diferença entre homens (24%) e mulheres (23%).

    O levantamento foi feito pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) e utilizou dados fornecidos pelo DataSus. Pelo sistema, as mortes totalmente atribuíveis ao álcool são alcoolismo, envenenamento causado pelo álcool, intoxicação alcoólica aguda, miopatia alcoólica, síndrome alcoólica fetal, transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool, uso nocivo da bebida.

    Mortes parcialmente atribuíveis ao álcool não entraram nessa conta, como cirrose hepática (69% para homens, e 42% para mulheres), acidente de trânsito (37% para homens, e 23 para mulheres), e doença cardíaca hipertensiva (7%).

    “O problema é que quem já bebia intensificou demais o consumo”, esclarece o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Cisa.

    + Leia também: Quarentena com álcool: combinação preocupante

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    É preocupante a mudança de hábitos daqueles que bebiam de forma moderada ou socialmente. “O padrão mudou na frequência e na quantidade. Quem tomava algo só no fim de semana agora esticou para outros dias”, alerta Guerra. “O home office também fez o bebedor das noites de dias úteis passar a consumir álcool no almoço também”, completa.

    “Binge drinking”

    Também chamado de beber pesado episódico, esse termo é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o ato de ingerir quatro ou cinco doses de qualquer bebida alcoólica em até duas horas. “É um consumo rápido, intenso e que provoca mudanças de comportamento”, relata Guerra.

    Acidentes de trânsito, relações sexuais não consentidas e outros atos de violência estão associados e esse tipo de comportamento.

    Guerra avalia não haver uma receita clara para identificar uma pessoa com problemas alcoólicos. O ideal é observar e dar o exemplo aos mais próximos. “A negação é comum em quem está bebendo demais, mas é suficiente para dar um diagnóstico”, diz.

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    O alcoolismo é definido pela OMS como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de álcool.

    +Leia também: Acetilcisteína: o que é, para que serve e como funciona esse remédio

    Por que bebemos e quanto podemos beber?

    Foi no meio da pandemia que a cantora canadense Alanis Morissette lançou a música Reasons I Drink (Razões para Beber, em tradução livre). Na letra, ela fala do consumo do álcool como alívio para agruras da rotina. E, na vida real, esse é realmente um argumento comum de quem ingere cerveja, uísque e afins, segundo o relatório divulgado pelo Cisa, que traz também uma pesquisa encomendada pelo Ipec sobre o comportamento dos diferentes perfis de bebedores.

    De acordo com o levantamento, boa parte das pessoas bebe “para ter sensações positivas” ou para “aliviar emoções negativas”. Socializar, no entanto, é o motivador mais comum quando se trata do tema.

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    “Vivemos em mundo alcoólico. É natural que mesas de festas tenham bebida. Recebemos amigos em casa com a pergunta: o que você quer beber? A chave disso é saber consumir com moderação”, defende Guerra.

    O quanto alguém pode beber depende de alguns fatores:

    Há, no entanto, uma média para definir o bebedor moderado. Para homens são:

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    Para mulheres:
    Uma dose por dia, considerando os mesmos aspectos citados acima. O limite é menor porque, em geral, as mulheres são mais leves e menores, além de possuírem uma menor concentração de enzimas que ajudam a processar o álcool no fígado.

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