O chamado lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença crônica que atinge principalmente mulheres jovens – mas que pode ter consequências típicas da velhice. Cientistas israelenses descobriram recentemente que o distúrbio está ligado, para pessoas de qualquer idade, a um risco 50% maior de demência (conjunto de encrencas neurodegenerativas entre as quais se enquadra o Alzheimer).
Ao estimular em excesso o sistema imunológico, o lúpus afeta principalmente rins, pulmões, pele e articulações de suas vítimas. Entre os órgãos prejudicados, no entanto, também se encontra o cérebro. Tanto que já existiam pesquisas indicando uma possível relação entre a doença e déficits de memória.
A novidade do levantamento da Faculdade de Medicina da Universidade de Tel Aviv, em Israel, foi cruzar as informações de prevalência de LES com as de demência propriamente a partir dos dados da maior rede de planos de saúde do país, a Clalit Health Care. Os cientistas compararam 4 886 israelenses com lúpus a outros 24 430 sem a doença.
Os resultados de tamanho esforço foram divulgados no International Journal of Geriatric Psychiatry. E, em resumo, indicam que pessoas com lúpus em qualquer faixa etária têm uma probabilidade 51% maior que as demais de apresentar alguma demência. Ainda não dá pra saber se de fato é o lúpus que está causando tamanho transtorno para o cérebro, mas a novidade revela a importância de não negligenciarmos a saúde mental dos sujeitos com LES.
Atenção à doença
Em 2016, a Federação Mundial de Lúpus (World Lupus Federation) divulgou um estudo realizado em 16 países sobre os conhecimentos do público geral a respeito dessa enfermidade. Dentre as descobertas, está o fato de 36% dos entrevistados não saberem sequer que o lúpus é uma doença, e de 51% não terem a noção de que ele pode levar a complicações de saúde sérias – como disfunção renal, anemia e até infartos.
Recentemente, Selena Gomez e Lady Gaga anunciaram sofrer com LES – que, conforme mencionamos acima, atinge principalmente mulheres jovens. Isso, claro, ajudou a colocar esse problema sob os holofotes da população. A conscientização é importante até porque ajuda a prevenir as complicações do lúpus, entre as quais provavelmente incluiremos a demência.