Homem morre em sessão de ozonioterapia no Paraná; saiba mais sobre o caso
O empresário Mauro Fernandes Júnior fazia aplicação do gás para tratar uma luxação. Técnica não tem comprovação científica e traz riscos à saúde

Na última terça-feira (29), o empresário Mauro Fernandes Júnior, 41 anos, faleceu durante uma sessão de ozonioterapia em uma clínica em Paranaguá (PR).
A informação é de que o homem sofreu uma parada cardíaca. O SAMU prestou socorro no local e tentou reanimá-lo, sem sucesso.
A polícia civil ainda investiga a causa da morte. Mauro tinha recém sido diagnostico com hipertensão, e relatou ter sentido tontura em sessões anteriores de ozonioterapia, tratamento que fazia para uma luxação no ombro.
Não foram divulgados detalhes sobre a técnica utilizada no caso de Mauro.
O que é ozonioterapia?
O princípio da ozonioterapia é o uso de uma mistura de ozônio com oxigênio. As promessas, assim como as vias de aplicação, são muitas. A ozonioterapia pode ser inserida na boca, nas veias, no reto e até com injeções subcutâneas.
Não há comprovação científica robusta para qualquer suposto benefício da ozonioterapia. Durante a pandemia de covid-19, a técnica circulou nas redes sociais, com propagandas afirmando que ela poderia curar a infecção pelo vírus, o que não é verdade.
Os poucos estudos científicos que avaliam a prática são de baixa qualidade. Mas o marketing vai longe: os defensores da prática alegam que ela poderia curar desde inflamações até câncer.
Em agosto de 2023, o Governo Federal sancionou uma lei que autoriza o uso da ozonioterapia no Brasil como tratamento complementar. Desde 2018, o Ministério da Saúde considera a ozonioterapia uma prática integrativa e complementar. Ela só deve ser realizada por profissionais da saúde com formação superior e registro no conselho da área.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só reconhece o uso da ozonioterapia em alguns casos odontológicos e estéticos. O órgão destaca que não foram identificados estudos que comprovem a segurança e a eficácia da aplicação.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e mais de 20 órgãos de classe já emitiram notas contra a liberação da ozonioterapia.
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Riscos da ozonioterapia
O ozônio é um gás tóxico ao organismo. Ele até é usado para higienizar ambientes e utensílios hospitalares, mas sua inalação não é segura. A aplicação da ozonioterapia pode causar uma variedade de problemas, a depender da via de administração. Se injetada nas veias, pode provocar trombose, devido à obstrução dos vasos, ou necrose dos tecidos.
Por eliminar bactérias, o ozônio é defendido como tratamento para feridas. No entanto, a dose necessária para agir sobre uma ferida no corpo é tóxico para o organismo. Além de irritar as mucosas, o gás pode gerar problemas no sistema nervoso e cardíaco, assim como na visão. A irritação nos pulmões decorrente do contato com o ozônio pode levar à edema pulmonar.
A ozonioterapia é contraindicada para quem tem hipertensão, diabetes, anemia, problemas de tireoide, histórico de convulsões ou hemorragias. Gestantes também devem ficar longe da técnica.