Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Hipotireoidismo: 25% dos pacientes brasileiros não tratam, diz estudo

Pesquisa também revela que, entre essas pessoas, 71% levam, em média, quatro meses para retornar ao médico

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 19 jun 2019, 16h55 - Publicado em 24 Maio 2019, 18h08

Apesar dos riscos que envolvem a ausência de tratamento para o hipotireoidismo — quadro caracterizado por uma deficiência na produção de hormônios da tireoide —, um levantamento encomendado pela farmacêutica Sanofi mostra que falta informação sobre a seriedade da doença.

Os dados apontam que ¼ da população brasileira com a doença não a trata ou o faz de forma inadequada. A pesquisa “Hipotireoidismo em foco” também revela que 34% dos diagnosticados que não realizam nenhuma terapia desconhecem as consequências do problema.

Para piorar, um monte de gente tem hipotireoidismo e não faz ideia disso. Para sermos mais precisos, 4,7 milhões de brasileiros acima dos 35 anos estão nessa situação. Desse pessoal, 80% pertencem às classes C, D e E.

“Infelizmente, as consultas são muito rápidas, especialmente em postos de saúde. Seria muito importante que o médico, ao atender o paciente, sobretudo o de baixa renda, gastasse 10 minutos para explicar o que é a doença e a importância de tratá-la. Isso não é perder tempo, é investir no paciente”, opina o endocrinologista José Sgarbi, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

Afinal, não se pode encarar o hipotireoidismo como algo inofensivo e com poucos impactos na saúde. A falta de controle ou o tratamento inadequado oferecem riscos, sim. Entre os principais estão problemas cardíacos, obesidade, colesterol alto, diabetes e infertilidade.

O que é o hipotireoidismo

Para entender melhor essas consequências, é preciso conhecer a função da tireoide, uma glândula localizada na região do pescoço. De acordo com Sgarbi, ela libera hormônios que atuam basicamente em todas as células do organismo — eles são chamados de T3 e T4.

“Costumo comparar a tireoide com o maestro de uma orquestra. Há os músicos com seus instrumentos, mas eles precisam do maestro para dar o ritmo. Assim funciona a tireoide: você tem todos os órgãos, mas é ela que coordena suas funções para que trabalhem em harmonia”, ilustra o especialista.

Continua após a publicidade

Sgarbi acrescenta que a glândula é importante em todas as fases da vida. Por isso a redução da produção de T3 e T4, cuja principal causa é uma inflamação autoimune, faz tanta diferença no organismo.

Na infância, os sintomas mais marcantes da doença são déficit de atenção e baixo crescimento. Já na fase adulta e na velhice percebemos cansaço, depressão, ganho de peso inexplicável, ressecamento de pele e cabelo, unhas quebradiças e dores nas articulações.

Nas mulheres também é comum surgirem alterações na menstruação. Aliás, elas são os maiores alvos da chateação. “Em geral, o hipotireoidismo é sete vezes mais frequente nelas do que nos homens, especialmente na pós-menopausa”, aponta Sgarbi.

Segundo o diretor da Sbem, devido à inespecificidade dos sintomas, o diagnóstico não é tão simples assim. “Em um idoso, eles podem ser atribuídos à própria idade”, exemplifica o endocrinologista.

Um dado da pesquisa da Sanofi que corrobora essa afirmação é o fato de que os pacientes demoram, aproximadamente, oito meses para definir o diagnóstico e a terapia ideal.

Continua após a publicidade

“Em razão disso, é recomendado que a população de alto risco, como mulheres acima de 35 anos e na pós-menopausa, idosos, indivíduos com histórico pessoal ou familiar de outras doenças autoimunes, obesos e gestantes no início da gravidez, faça o exame de TSH [uma análise do sangue que detecta alterações na produção dos hormônios da tireoide]”, orienta o expert.

As dificuldades no tratamento

Na verdade, o controle do hipotireoidismo não é complicado: basta fazer a reposição de hormônios através de comprimidos de levotiroxina. Ele é de baixo custo nas farmácias e está disponível na rede pública. A dosagem varia de pessoa para pessoa.

O enrosco é que esse medicamento exige alguns cuidados para ser, de fato, absorvido pelo organismo: deve ser tomado em jejum, de 30 a 60 minutos antes da primeira refeição do dia, e apenas com água. Essas restrições dificultam a aderência à medicação.

“Tem gente que se esquece de tomar o remédio, não faz uso regular ou interrompe porque fica assintomático e acha que está bem”, relata Sgarbi.

O recado que fica é: não deixe de realizar o exame de TSH se fizer parte do grupo de risco e, caso seja diagnosticado, siga o tratamento à risca. Ele deve se estender por toda a vida para que seu corpo não saia do ritmo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

A saúde está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA SAÚDE.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.