Hipertensão arterial: pressão 12 por 8 não é mais “normal”. O que muda?
Nova diretriz europeia indica acompanhamento mais atento para antiga faixa de normalidade. Risco de desenvolver hipertensão deve ser atacado desde cedo
Uma nova diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia, divulgada em setembro, simplificou e mudou critérios relacionados ao diagnóstico da hipertensão. E a mudança que mais chamou atenção deu o que falar: a pressão 120 por 80mmHg (ou “”) deixou de ser considerada o nível normal.
A partir de agora, a faixa de normalidade será até o 12 por 7. Segundo o argumento dos especialistas, a ideia é chamar atenção para a progressão do quadro, deixando claro que existe um estágio de pressão elevada que ainda não é enquadrado como hipertensão, mas já aumenta o risco futuro.
Por enquanto, a diretriz vale oficialmente para a Europa, mas a tendência é que comece a ser empregada também em outras partes do mundo, inclusive no Brasil.
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O que muda na prática
A antiga diretriz contava com seis categorias, que iam do nível “ótimo” até a “hipertensão estágio 3”, passando por fases intituladas “normal” e “pré-hipertensão”. Agora, esse processo foi simplificado e são três degraus:
- Pressão arterial não elevada: abaixo de 12 por 7
- Pressão arterial elevada: entre 12 por 7 e abaixo de 14 por 9
- Hipertensão arterial: igual ou acima de 14 por 9
Todos os números consideram a medida em consultório, mas o documento enfatiza que é preciso levar em conta também os dados obtidos fora do contexto da consulta, diretriz que já existe no Brasil.
O objetivo é evitar falsos diagnósticos, como a chamada hipertensão do jaleco branco, quando uma pessoa tem a elevação da pressão ocasionada pela presença do médico. Para isso, recomendam-se exames como o MAPA, que monitora a pressão por mais tempo.
Outras recomendações
Com as mudanças, a ideia é que o tratamento seja iniciado o quanto antes. Quem for identificado como hipertenso terá a recomendação de fazer o tratamento medicamentoso mais cedo, independentemente das mudanças de estilo de vida.
Já pacientes com risco elevado de problemas cardiovasculares, como diabéticos e aqueles com histórico de infarto, podem ter que começar a tomar medicamentos mesmo se estiverem no grupo enquadrado como pressão arterial elevada — que inclui o outrora “normal” 12 por 8.
Segundo o consenso europeu, as mudanças buscam debelar os principais riscos associados à elevação da pressão ainda nos estágios iniciais, evitando que o problema seja subestimado. Doenças cardiovasculares estão entre as principais causas modificáveis de morte no mundo.