Silenciosa, a hepatite B demora décadas até se manifestar na forma de sintomas comuns a outras doenças, como enjoo, vômitos, cansaço, febre e dor abdominal. Mas, quando chega a esta fase, é sinal que a doença se tornou crônica e comprometeu o bom funcionamento do fígado, o órgão-alvo do vírus HBV.
A boa notícia é que há prevenção: a vacina contra a hepatite B está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para todas as idades.
Em 2023, o Ministério da Saúde (MS) anunciou ainda uma simplificação do diagnóstico da hepatite B para brecar o contágio e evitar o número de casos mais avançados.
No novo protocolo, se o teste de carga viral for detectável (definida pela presença do HBsAg reagente), o resultado, aliado à idade do indivíduo, é suficiente para o diagnóstico e o início do tratamento de forma imediata.
É preciso estar com as enzimas do fígado uma vez e meia maiores que o normal por pelo menos seis meses. Desde 2011, o SUS oferece testes rápidos para detectar o vírus HBV.
Estima-se que quase 1 milhão de pessoas vivam com a doença no país – a maioria (700 mil) ainda não foi diagnosticada. Hoje entre a 20% e 30% dos adultos infectados pelo vírus B da hepatite desenvolverão cirrose ou câncer de fígado, de forma separada ou simultânea.
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Segundo o MS, iniciar o tratamento de forma precoce quebra o ciclo de transmissão, evitando casos graves e mortes. A OMS preconiza como ideal o diagnóstico de 90% dos casos, tratar 80% dos diagnosticadas, reduzir em 90% a ocorrência de novas infecções e em 65% a mortalidade até 2030.
Formas de transmissão da hepatite B
O vírus da hepatite B, o HBV, está presente no sangue e secreções, e as relações sexuais são a principal via de infecção. Na maior parte dos casos, a infecção se resolve espontaneamente em até seis meses com a presença no sangue de anticorpos HBsAg. Após esse período, a infecção é considerada crônica.
Crianças menores de cinco anos têm mais risco de desenvolver as formas crônicas da doença. Por isso, é obrigatório testar as gestantes no pré-natal.
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Caso detectada a presença do vírus, a recomendação é iniciar uma profilaxia para evitar a transmissão da mãe ao filho.
As principais formas de transmissão são:
- Relações sexuais sem preservativo com um indivíduo com hepatite B
- Durante a gestação e o parto, no caso de a mãe ser portadora da doença
- Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos)
- Compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam)
- Em tatuagens, piercings ou procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança
- Por contato próximo com cortes e feridas de alguém contaminado
- Transfusão de sangue (mais relacionadas ao período anterior a 1993)
Quais são os sintomas da hepatite B
A história natural da infecção é marcada por evolução silenciosa, geralmente com diagnóstico após décadas da infecção. Os sinais e sintomas, quando presentes, são comuns às demais doenças crônicas do fígado e costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas.
Esses sintomas aparecem na forma de cansaço, tontura, náusea, vômitos, febre e dor abdominal. A ocorrência de pele e olhos amarelados (icterícia) é observada em menos de um terço dos pacientes com hepatite B.
Como é o tratamento para a hepatite B
O melhor tratamento sempre é a prevenção. Quem não se vacinou adequadamente deve procurar uma unidade básica de saúde para concluir o esquema vacinal, composto de três doses. A vacinação da hepatite B foi incluída no SUS nos anos 1990.
O uso de preservativos nas relações sexuais, não compartilhamento de seringas e materiais cortantes e o pré-natal são formas eficazes de evitar infecção e a sua disseminação.
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Dê atenção também às condições de higiene de salões de beleza, clínicas estéticas, estúdios de tatuagem e piercing.
Em caso de infecção, o tratamento é feito com antivirais, também disponíveis no sistema público de saúde. A medicação não cura a doença, mas retarda a sua progressão e a incidência do câncer de fígado.