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Há um surto de Hepatite A acontecendo agora em São Paulo

Doença começou a ganhar força na Europa e já se espalhou por diversos países

Por André Biernath
Atualizado em 14 fev 2020, 18h23 - Publicado em 16 set 2017, 14h30
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  • Nos últimos meses, o estado de São Paulo vivenciou um aumento significativo do número de casos de hepatite A, doença causa pelo vírus VHA. De acordo com o último boletim epidemiológico, publicado no dia 13 de setembro pelo governo, foram 180 acometidos até agora. No mesmo período do ano passado, 68 diagnósticos da mesma doença foram reportados às autoridades.

    O aumento ocorre principalmente na faixa etária dos 20 aos 49 anos, em homens que fazem sexo com homens com HIV positivo. A hepatite A é transmitida por meio de relações sexuais em que não há o uso de camisinha. Água e alimentos contaminados são outras duas formas de contrair o agente infeccioso.

    Essa elevação expressiva chama a atenção dos especialistas, que discutiram o assunto durante o Congresso Brasileiro de Infectologia, que aconteceu no Rio de Janeiro até a última sexta-feira (15). “Esse fenômeno também foi observado e parece ter se iniciado em algumas nações europeias, como Bélgica, Alemanha e Reino Unido e está se espalhando para outras localidades”, observa o infectologista João Silva de Mendonça, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, que deu uma palestra sobre o tema. Só no estado americano da Califórnia já foram contabilizados mais de 4 mil casos.

    Para evitar que as estatísticas cresçam ainda mais, as autoridades recomendam o uso de camisinha em qualquer relação sexual (incluindo o sexo oral) e a lavagem das mãos, do ânus, da região genital e da boca antes e após a transa. Outras medidas importantes são tomar água filtrada e de fonte confiável e sempre higienizar bem os alimentos. Isso porque o vírus consegue sobreviver em ambientes externos por muito tempo antes de invadir o organismo do ser humano.

    A hepatite A costuma ser contraída ainda na infância em países com uma condição sanitária ruim. Segundo os dados internacionais, o risco de contrair o vírus no Brasil é intermediário. Ele se instala no fígado e, na maioria das vezes, não dá sintomas. Há pessoas que sentem fadiga, náuseas, dor de barriga, perda de apetite e febre baixa. O quadro se resolve espontaneamente em até dois meses e pode exigir um cuidado com hidratação e repouso.

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    Há porém alguns indivíduos que desenvolvem uma complicação chamada hepatite fulminante. Nela, há um alto risco de morte caso não seja feito um transplante hepático às pressas. O público com maior probabilidade de desenvolver essa situação mais séria é justamente o dos adultos. Nesse surto recente de São Paulo, já foram reportados 6 casos graves.

    Outra estratégia importante de prevenção é a vacina. Ela foi incluída no calendário nacional em 2014 e está indicada para crianças de 1 a 4 anos. Uma única dose é suficiente para oferecer a proteção necessária — as autoridades ainda discutem a possibilidade de incluir uma aplicação de reforço no futuro. Pessoas em situações especiais, como pacientes com aids e outras doenças crônicas também devem tomar o imunizante. Para o restante da população, por ora não há necessidade de levar a picada.

    Em 2015, primeiro ano em que a vacina esteve disponível na rede pública, a campanha atingiu 97% do público-alvo. No ano seguinte, infelizmente, as taxas caíram bastante: apenas 71% das crianças foram protegidas. Os pais devem conversar com o pediatra e buscar orientações sobre quando levar o filho para o posto de saúde.

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