Medicina

Glotoplastia: como é a cirurgia que afina a voz

Procedimento pode ser incluído no processo de feminização de mulheres trans, cuja voz não se modifica apenas com terapia hormonal

Por Maurício Brum
22 out 2025, 14h07

A glotoplastia é um procedimento cirúrgico que muitas vezes costuma ser incluído em processos de transição de gênero. Também chamada de glotoplastia de Wendler, a técnica busca propiciar uma feminização da voz, encurtando as cordas vocais de modo a torná-la mais semelhante à média das mulheres cis.

O procedimento dribla uma das limitações das terapias hormonais, que não promovem alterações significativas quando o tema é a voz das mulheres trans. Em 2024, a glotoplastia despertou interesse após Maya Massafera relatar que havia passado pela operação.

Entenda melhor como essa técnica funciona.

Quem pode se beneficiar da glotoplastia?

Ao contrário do que ocorre com homens trans, que podem vivenciar uma alteração na voz causada pelos hormônios utilizados na transição, mulheres trans não têm esse mesmo impacto sem a realização de intervenções diretas nas cordas vocais.

A glotoplastia, portanto, é uma técnica procurada por mulheres trans em busca de uma voz considerada “mais feminina” aos olhos da sociedade. Na prática, o encurtamento das cordas vocais altera a frequência do som emitido, deixando a voz mais fina e se aproximando do que costuma ser registrado pela fala de uma mulher cisgênero.

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O procedimento é indicado para mulheres trans que desejam uma voz tipicamente associada a sua identidade de gênero. Estudos feitos com pacientes que se submeteram à técnica, no Brasil e na Itália, embora com grupos pequenos, relataram uma percepção de melhora na qualidade de vida após a glotoplastia.

Como é feita a cirurgia?

Uma das vantagens da glotoplastia é a possibilidade de realizá-la pela boca, sem recorrer a incisões, o que favorece a recuperação. A intervenção é feita diretamente nas cordas vocais, buscando encurtá-las: é como se essas estruturas, antes em forma de “V”, passassem a formar um “Y”, com uma sutura no meio para alterar a forma como vibram e o som emitido.

De modo geral, o período pós-operatório exige um mínimo de duas semanas de silêncio absoluto. A adaptação à nova condição das cordas vocais também exige terapia específica com acompanhamento de fonoaudiólogo. No início, é comum apresentar rouquidão e voz fraca.

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É importante observar que a glotoplastia pode limitar a extensão vocal e dificultar que a pessoa atinja determinadas notas. Pacientes que também são cantoras devem conversar previamente com o médico sobre como a cirurgia pode impactar essa situação.