A dificuldade para engravidar está associada a questões específicas do homem em 30 a 40% dos casos de infertilidade. O problema afeta mais de 15% da população mundial, ou uma em cada seis pessoas em idade reprodutiva.
Em grande parte dos casos masculinos, há uma forte relação com hábitos de vida, como excesso de peso, uso de álcool e cigarro, além de alimentação inadequada, sono ruim e falta de atividade física.
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A poluição ambiental é outro fator estudado neste contexto. Uma nova pesquisa, apresentado no congresso científico da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, nos Estados Unidos, revelou uma ligação entre a exposição a poluentes e a perda de qualidade do sêmen.
A análise, conduzida por pesquisadores do laboratório de medicina genética Igenomix, contou com a participação de 26 homens com idades entre 18 e 35 anos, que faziam parte de um programa de doação de sêmen. Os resultados foram publicados no periódico Fertility and Sterility.
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Os cientistas se concentraram em duas frentes principais.
A primeira verificou a quantidade de metais pesados no sangue e na urina, como cádmio (Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg). Em geral, a exposição acontece pela contaminação ambiental, pela alimentação ou pelo uso de medicamentos ou suplementos com excesso dessas substâncias.
A segunda averiguou os níveis de cotinina na urina, como marcador de exposição ao tabaco. A substância é o produto da nicotina absorvida pelo organismo após o fumo.
Além disso, foram realizados outros exames comuns à prática clínica, como o espermograma, que permite avaliar pontos como a contagem e formato de espermatozoides, bem como a capacidade de movimentação.
O estudo mostrou que maiores concentrações de cotinina na urina foram associadas a uma maior proporção de espermatozoides que se movimentam, mas não conseguem sair do lugar. A dificuldade de locomoção diminui a possibilidade de fecundação de forma natural.
Os achados apontaram ainda que, em homens com a mesma faixa etária, índice de massa corporal (IMC) e presença de cotinina, a maior concentração de cádmio, tanto no sangue quanto na urina, foi vinculada à menor concentração de espermatozoides por mililitro.
A presença de chumbo no sangue na urina também estava relacionada a menores concentrações de gametas. E o trabalho descreve ainda que não foram encontrados indícios de influência do mercúrio na qualidade do sêmen.
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“Observamos como esses metais pesados podem diminuir a concentração e a motilidade dos espermatozoides em homens férteis, demonstrando como é importante reduzir a exposição ao tabaco e poluentes na população em geral para minimizar seus efeitos nocivos na fertilidade”, resume a especialista em citogenética e reprodução humana Carmen Rubio, diretora científica da Igenomix Espanha e uma das autoras do estudo.
Vale destacar que a análise envolveu homens férteis, e os autores não fizeram qualquer tipo de correlação entre os achados e a possibilidade de infertilidade nos voluntários.