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Enxaqueca: novos tratamentos que estão mudando a vida de quem sente dor

Tratamentos modernos — de anticorpos monoclonais a bloqueios de nervos — estão devolvendo qualidade de vida aos afetados pelas dores de cabeça constantes

Por Diego Bandeira, neurologista, via Brazil Health*
27 out 2025, 15h30
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Novas opções terapêuticas podem ajudar a prevenir as crises de enxaqueca (Ilustração: Jonatan Sarmento/SAÚDE é Vital)
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Durante muito tempo, quem sofria de enxaqueca aprendeu a conviver com a dor — e, muitas vezes, com a falta de compreensão.

Frases como “é só uma dor de cabeça” ainda ecoam, mas a ciência já provou o contrário: a enxaqueca é uma doença neurológica complexa, que envolve vias inflamatórias e elétricas no cérebro e afeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada sete pessoas no planeta.

Uma virada no combate à dor

Nos últimos anos, porém, a história dessa doença começou a mudar. Um conjunto de novos medicamentos e terapias vem abrindo caminhos antes impensáveis. De injeções com anticorpos monoclonais a bloqueios de nervos cranianos e comprimidos de última geração, as opções de tratamento nunca foram tão específicas, seguras e eficazes.

Entre os avanços mais marcantes estão os anticorpos monoclonais anti-CGRP, desenvolvidos para neutralizar o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), uma das principais substâncias envolvidas na dor da enxaqueca.

Eles não apenas reduzem a frequência das crises, como também diminuem a intensidade e a duração dos episódios. Aplicados por via subcutânea, geralmente uma vez por mês, esses medicamentos inauguraram uma nova era de precisão.

“Essas drogas mudaram completamente o panorama do tratamento preventivo”, afirmou em publicação recente o neurologista Messoud Ashina, da Universidade de Copenhague, um dos principais nomes da pesquisa em cefaleias. “Elas representam a primeira terapia criada especificamente para a enxaqueca, e não apenas adaptada de outros medicamentos.”

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+Leia também: Depressão, remédios e mais: conheça os fatores ligados à enxaqueca crônica

Procedimentos que funcionam de verdade

Outra estratégia que se consolidou é o uso da toxina botulínica tipo A, mais conhecida como botox. Já consagrada na estética, a substância se mostrou altamente eficaz em pacientes com enxaqueca crônica — aqueles que sentem dor de cabeça em 15 ou mais dias por mês.

Aplicada em pontos específicos da cabeça e do pescoço, a toxina atua inibindo a liberação de neurotransmissores da dor e reduzindo a sensibilidade dos nervos periféricos. O resultado é uma redução gradual e sustentada das crises.

Mas os avanços não param por aí. Uma técnica que vem ganhando espaço em centros especializados é o bloqueio de nervos cranianos periféricos. O procedimento consiste em injetar pequenas doses de anestésico local (com ou sem corticoide) em nervos como o occipital e o supraorbital, responsáveis pela sensibilidade da cabeça.

Revisões recentes da American Headache Society e da Mayo Clinic mostram que o bloqueio pode aliviar a dor de forma rápida — em algumas horas — e ainda ter efeito preventivo nas semanas seguintes. Por ser minimamente invasivo e seguro, o método é indicado inclusive durante a gestação, quando o uso de medicamentos orais é limitado.

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Comprimidos de nova geração

No campo das terapias orais, surge uma nova geração de medicamentos conhecidos como gepants, que inclui rimegepant, ubrogepant e atogepant.

Esses comprimidos atuam sobre o mesmo alvo biológico dos anticorpos monoclonais, mas de forma rápida e reversível, o que os torna ideais tanto para tratar a crise quanto para a prevenção contínua. Diferentemente dos analgésicos tradicionais, não causam dependência nem provocam piora da dor por uso excessivo — o temido “efeito rebote”.

E a ciência continua avançando. O próximo grande passo deve vir com os anticorpos anti-PACAP, ainda em fase de pesquisa clínica. O PACAP é outro mensageiro químico envolvido na ativação do sistema trigeminovascular, responsável por desencadear a crise de enxaqueca. Bloquear essa molécula mostrou resultados promissores em estudos internacionais, inclusive em pacientes que não responderam aos tratamentos atuais.

De acordo com a neurologista Carrie Robertson, da Mayo Clinic, estamos entrando na era da medicina personalizada da dor. “Hoje, conseguimos direcionar o tratamento ao perfil biológico de cada paciente, combinando terapias que atuam de formas diferentes, mas complementares. O objetivo não é apenas reduzir a dor, e sim devolver qualidade de vida e autonomia.”

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Abordagem integrada e esperança no tratamento

Essa abordagem integrada inclui mudanças de estilo de vida, controle de gatilhos hormonais, técnicas de relaxamento e, em alguns casos, neuromodulação — métodos que estimulam eletricamente regiões específicas do sistema nervoso para reduzir a sensibilidade à dor.

A mensagem que fica é de esperança. Se antes a enxaqueca representava uma sentença de sofrimento crônico, hoje ela pode ser tratada com precisão e segurança. Conhecimento e acompanhamento especializado são as chaves para sair do ciclo da dor e reconquistar uma vida plena.

A enxaqueca continua sendo um desafio, mas nunca estivemos tão perto de vencê-la.

Diego Bandeira é neurologista, membro da Brazil Health

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(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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