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Eletrocardiograma para uso em casa detecta alterações e reduz risco para AVC

Aparelho tem conectividade, realiza a medida da pressão arterial e envia resultados em 30 segundos para os médicos

Por Lucas Rocha
20 set 2024, 09h34
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  • O primeiro eletrocardiograma de uso doméstico do mundo já está disponível para consumidores em farmácias brasileiras. A nova tecnologia promete revolucionar o acesso ao monitoramento cardíaco pela população.

    Desenvolvido pela multinacional japonesa Omron Healthcare, o equipamento reúne uma série de inovações voltadas para ampliar o autocuidado e a prevenção de doenças cardiovasculares.

    O produto, de nome comercial Complete, é capaz de realizar o eletrocardiograma e a medida da pressão ao mesmo tempo. O aparelho pode ser manuseado facilmente por qualquer pessoa e conta com recursos de conectividade.

    O resultado dos exames sai em cerca de 30 segundos e pode ser compartilhado instantaneamente com os médicos do indivíduo pela internet. Aliás, a avaliação profissional é indispensável e o exame não deve induzir a um autodiagnóstico.

    Uma das funcionalidades é a detecção de sinais da fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca associado ao ritmo rápido e irregular do coração, que pode provocar palpitações, tontura e falta de ar.

    + Leia também: Hipertensão: pressão arterial fora do consultório deve guiar diagnóstico

    “A fibrilação atrial pode ser assintomática e paroxística, ou seja, pode ocorrer de forma intermitente, o que torna sua detecção mais difícil. Realizar eletrocardiogramas com maior frequência aumenta a chance de flagrar episódios, permitindo que o tratamento seja iniciado mais cedo”, pontua o médico Audes Feitosa, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e coordenador da mais recente Diretriz Brasileira de Hipertensão, lançada em abril.

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    “Isso é especialmente importante em pessoas de risco, pois um episódio não detectado de fibrilação pode levar a complicações sérias, como derrames. O uso de dispositivos como o Omron Complete facilita o rastreamento frequente, o que é essencial em condições como essa”, acrescenta Feitosa.

    A inspiração para a criação do dispositivo surgiu de uma diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) sobre fibrilação atrial que recomendou, em 2021, a realização de um eletrocardiograma diário em pacientes acima de 65 anos.

    Na sequência, diversos outros estudos em larga escala começaram a sugerir a importância deste acompanhamento. A doença, que recentemente acometeu o técnico do Flamengo Tite, afeta mais de 5 milhões de pessoas no Brasil.

    + Leia também: Novidades para o tratamento da arritmia cardíaca

    Pesquisas indicam que hipertensos com mais de 65 anos de idade têm três vezes mais chances de desenvolver fibrilação atrial em comparação com aqueles com pressão arterial normal.

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    Além disso, indivíduos com essa condição têm 5 vezes mais chances de ter um AVC, doença que ocupa a segunda posição no ranking de mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil, de acordo com os indicadores das Estatísticas Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

    “Esta nova tecnologia possui validação clínica e é especialmente útil para pessoas com maior risco de desenvolver fibrilação atrial, como idosos, hipertensos, cardiopatas, e pacientes com insuficiência cardíaca”, frisa Feitosa.

    Evidências científicas

    Um estudo conduzido pela SBC, publicado no periódico ABC Cardiol, com a participação de 408 pacientes, utilizou o equipamento para realização de três medidas de eletrocardiograma diariamente.

    A avaliação evidenciou que 13 (3,2%) pacientes apresentaram fibrilação atrial, 120 (29,4%) foram considerados de alto risco para a doença e 275 (67,4%) sem risco aumentado.

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    Dos 120 pacientes de alto risco, 111 realizaram adequadamente o protocolo de sete dias com o equipamento, tendo sido identificados um ou mais registros de FA em 43 pacientes.

    A estratégia adotada no estudo “Ritmo” mostrou-se eficaz para identificar, com uma incidência de 13,7%, episódios de fibrilação atrial em pacientes idosos assintomáticos e portadores de hipertensão arterial ou insuficiência cardíaca.

    Redes se organizam para oferecer o exame de eletrocardiograma na farmácia com o equipamento, com valores entre R$ 10 e 25. Já o valor estimado do dispositivo é de R$ 1,5 mil.

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