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Covid: antivirais já usados pelo mundo ainda estão indisponíveis no Brasil

Além da aprovação, o grande desafio é garantir que esses e outros tipos de medicamentos com eficácia já provada cheguem ao sistema público de saúde

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 14 mar 2022, 16h19 - Publicado em 14 mar 2022, 16h13

Em paralelo à corrida das vacinas, a indústria farmacêutica trabalha para criar medicamentos antivirais eficazes contra a Covid-19. A ideia é que, em caso de infecção, essas fórmulas ajudem a barrar a replicação do vírus no organismo e, assim, impedir sua ação e as formas graves da doença.

Já existem dois remédios dessa classe aprovados em diversos países e recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas que ainda estão na fila de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): Paxlovid, da Pfizer, e o molnupiravir, da Merck.

Entenda melhor como funcionam e por que seria uma ótima contar com eles.

O Paxlovid

Ele é composto por duas drogas, o nirmatrelvir e o ritonavir, este segundo já utilizado contra o HIV e a hepatite C.

O nirmatrelvir foi desenvolvido especificamente para combater o Sars-CoV-2. “Para que esse composto atingisse um nível adequado de concentração no sangue, foi adicionado o já conhecido ritonavir, que inibe a metabolização de medicamentos, ou seja, serve para modular a ação do primeiro”, explica Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

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Desde 2003, o nirmatrelvir já vinha sendo estudado para combater a epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave). “Ele se mostrou, em estudos in vitro, um potente inibidor de protease, uma enzima usada pelos coronavírus para se replicar”, explica Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil.

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Como as enzimas proteases dos vírus responsáveis pela Sars e Covid-19 são semelhantes, o laboratório começou novos testes já no início da pandemia e chegou à conclusão de que a droga poderia ser eficiente também contra o novo coronavírus, desde que utilizada em conjunto com substância moduladora.

“Essa coadministração faz com que o medicamento permaneça ativo no corpo por períodos mais prolongados, ajudando a combater o vírus”, reforça Adriana. “Ou seja, o ritonavir não tem atividade antiviral contra o Sars-Cov-2, mas serve como potencializador da ação do nirmatrelvir”, completa.

Para quem o Paxlovid é indicado?

Esse medicamento é recomendado aos pacientes que estão nos primeiros dias de sintomas.

Um estudo publicado na revista médica The New England Journal of Medicine com 2 246 pacientes adultos não vacinados, e considerados com risco elevado de evoluir para forma grave da Covid-19, trouxe resultados empolgantes.

O grupo tratado com o Paxlovid apresentou uma redução de 89% no risco de hospitalização ou morte relacionados à doença em comparação com o grupo placebo (que não recebeu a droga). Foram administrados três comprimidos, duas vezes ao dia, durante cinco dias.

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No entanto, a medicação deixa de ser eficiente quando o indivíduo chega à segunda fase da Covid, em que já não é mais possível agir contra a replicação do vírus no organismo e há um processo importante de inflamação em curso.

Mesmo em uma população com bons índices de vacinação, um medicamento assim é pra lá de bem-vindo, especialmente quando pensamos nos mais vulneráveis. “Os idosos, as pessoas com doenças crônicas e os imunossuprimidos têm uma resposta menos efetiva às vacinas”, lembra Naime.

Segundo a Pfizer, estão em andamento estudos que avaliam a ação do Paxlovid em grupos sem fatores de risco para a Covid grave e em participantes vacinados.

E o molnupiravir?

Qualquer antiviral age para combater a replicação do vírus no organismo, mas a forma com que essa luta ocorre dentro do organismo é que muda de um remédio para outro.

“Enquanto o Paxlovid trabalha para inibir uma enzima utilizada para a replicação do vírus, o molnupiravir, da Merck, age para atrapalhar o processo de multiplicação do Sars-CoV-2″, resume Giovanna Sapienza, infectologista do Centro de Prevenção Meniá e dos hospitais Santa Isabel e São Luiz – Unidade Morumbi.

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A médica avalia que os produtos que agem como inibidores de protease, como o Paxlovid, costumam ter uma ação mais efetiva contra o vírus – visão corroborada por estudos publicados até então.

As primeiras informações sobre o molnupiravir apontavam 50% de eficácia contra formas graves da doença, mas um trabalho mais recente publicado no The New England Journal of Medicine apontou que esse índice gira em torno de 30%.

“Claro, esses são dados de levantamentos controlados em laboratório e feitos pela indústria, e o resultado pode ser diferente na vida real”, avalia Adriana.

O molnupiravir é administrado a cada 12 horas por cinco dias, segundo informações divulgadas pela Food Drug and Administration (FDA), a entidade que regula medicamentos nos Estados Unidos.

Está em andamento um novo estudo, do qual o Brasil participa, que avalia o uso de molnupiravir como profilaxia pós-exposição (conhecida como PEP), isto é, para evitar a transmissão da Covid-19 entre pessoas expostas ao vírus.

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Como anda o processo de aprovação desses medicamentos?

Ambos já foram aprovados pela FDA e em mais uma dezena de países.

Desde 26 de novembro do ano passado, a Merck troca informações com a Anvisa para conseguir a autorização temporária de uso emergencial do antiviral molnupiravir no Brasil.

Já a Pfizer entrou com o pedido recentemente, em fevereiro, e ainda há poucas novidades sobre isso.

Mais do que aprovação, acesso é um grande desafio

Segundo relatório publicado pela Institute for Clinical and Economic Review (Icer) um tratamento de cinco dias com o Paxlovid custa US$ 529 (mais de R$ 2 600) e o mesmo período de terapia com o molnupiravir fica em US$ 707 (mais de R$ 3 500).

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Para a população em geral, as vacinas continuam sendo a melhor solução. “Elas têm uma eficácia melhor porque previnem a doença, e podem ser distribuídas em larga escala. O pulo do gato desses medicamentos é mesmo auxiliar os grupos de risco”, defende Giovanna.

Além de esperar pela aprovação de remédios comprovadamente eficazes contra a Covid, a população brasileira precisa torcer por uma etapa mais decisiva ainda: a incorporação dessas drogas no sistema público de saúde, o SUS. Ora, é isso que vai garantir acesso real às inovações.

Em setembro de 2021, o baricitinibe, um anti-inflamatório originalmente indicado para tratar a artrite reumatoide, foi aprovado pela Anvisa contra casos graves de Covid-19. Só que ainda não chegou à rede pública. O mesmo é observado em relação aos chamados anticorpos monoclonais.

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