Comprimido “primo” do Mounjaro reduz peso em até 12% em estudo
Orforgliprona, da mesma classe da semaglutida, é tomado via oral uma vez ao dia

Um dos estudos de fase 3 da molécula experimental orforgliprona, um agonista do receptor de GLP-1 (mesma classe da semaglutida, do Ozempic e Wegovy), mostrou resultados promissores na perda de peso, de acordo com a Eli Lilly and Company.
A Lilly é a fabricante da tirzepatida (Mounjaro), injeção atualmente considerada o medicamento mais potente contra a obesidade. O Mounjaro combina a ação do GLP-1 com a de outro hormônio, o GIP.
O anúncio, realizado nesta quinta-feira, 7, apresenta dados de pesquisa com o comprimido de funcionamento semelhante com 3,1 mil adultos com obesidade ou sobrepeso com uma comorbidade, sem diabetes.
Após 72 semanas, todas as três doses de orforgliprona atingiram os desfechos desejados em comparação ao placebo, proporcionando uma perda de peso significativa como complemento a dieta saudável e atividade física.
A dose de 36 mg, administrada uma vez ao dia sem restrições quanto a alimentos ou bebidas, reduziu o peso corporal em até 12,4%, em comparação com 0,9% do placebo.
“O medicamento, ainda em estudo, mostrou um resultado impactante e impressionante para um composto simples e fácil de usar e que, eventualmente, pode ter um processo de produção mais simplificado, aumentando o acesso dos diferentes tipos de pessoas ao tratamento da obesidade”, avalia o médico Rodrigo Lamounier, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
O especialista aponta que esta vantagem é relevante do ponto de vista da saúde pública. “Precisamos cada vez mais de novas alternativas de tratamento que não sejam injetáveis“.
Os resultados ainda precisam ser validados pela comunidade científica. A Lilly anunciou que o estudo será apresentado no próximo mês na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD) e publicado em um periódico científico revisado por pares.
A farmacêutica afirma que, com os dados em mãos, planeja submeter a orforgliprona para avaliação regulatória até ao final do ano, preparando um lançamento global.
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Destaques
Os participantes que receberam a dose mais elevada de orforgliprona perderam, em média, 12,4% do peso após 72 semanas, de acordo com a estimativa de eficácia.
Em um desfecho secundário, 59,6% dos participantes que receberam a dose mais elevada da molécula perderam pelo menos 10% do peso corporal, enquanto 39,6% reduziram pelo menos 15%.
Além da perda de peso significativa, a orforgliprona também foi associada à redução de risco cardiovascular, com impactos em fatores como colesterol não-HDL, triglicerídeos e pressão arterial sistólica nas análises agrupadas de todas as doses.
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“A orforgliprona é o primeiro agonista do GLP-1 por via oral para o tratamento da obesidade. Temos a semaglutida via oral para o tratamento do diabetes, o Rybelsus. Queremos um futuro com mais acesso a esses medicamentos, que sejam universais para toda a população que sofre com a obesidade”, frisa o médico Clayton Macedo, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Para a estimativa de regime de tratamento, cada dose de orforgliprona resultou em melhoras significativas nos desfechos primários e todos os principais desfechos secundários. Veja a redução do peso em relação à dose utilizada:
- 6 mg: -8 kg
- 12 mg: -9,4 kg
- 36 mg: -12,4 kg
O perfil geral de segurança do remédio noa pesquisa foi consistente com o já estabelecido da classe dos agonistas do receptor GLP-1.
Os eventos adversos mais frequentemente relatados foram gastrointestinais e geralmente de leve a moderada gravidade, incluindo náusea, constipação, diarreia, vômitos e indigestão.
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