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Combinação de inverno e ar poluído é perigosa para o coração, diz estudo

Investigação europeia mostra que mais pessoas tratam infartos nos meses frios, especialmente em regiões com altos índices de poluentes no ar

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 9 jul 2020, 10h54 - Publicado em 18 set 2019, 19h53
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  • A piora na poluição do ar de uma cidade pode levar a uma taxa maior de colocação de stents para desobstruir artérias, um tratamento comum do infarto. E isso acontece especialmente durante o inverno, de acordo com um novo estudo apresentado recentemente no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.

    A pesquisa envolveu cerca de 15 mil poloneses submetidos a esse procedimento com o intuito de tratar um ataque cardíaco ou uma angina instável (uma forte e perigosa dor no peito associada ao entupimento). Dez mil deles viviam em áreas com ar sujo, enquanto o restante morava em cidades não poluídas.

    As datas dos procedimentos foram comparadas com informações sobre a qualidade do ar. Ela foi medida semanalmente a partir da concentração de partículas com diâmetro menor que 10 micrômetros (PM10), um tipo de poluente emitido por indústrias siderúrgicas, queimadas e automóveis.
    Nas cidades poluídas, a concentração média anual de PM10 foi de 50,95 µg/m3, contra 26,62 µg/m3 nas consideradas não poluídas. Em ambos os cenários, altas momentâneas de PM10 suspenso coincidiram com maior número de tratamentos para um potencial infarto.

    Entretanto, houve diferenças entre os dois grupos. Nos habitantes de locais normalmente poluídos, cada elevação extra de 1 µg/m3 de PM10 causou aumento de 0,18 caso de colocação de stent por semana. Já no pessoal que vivia em ambientes mais limpos, o mesmo acréscimo de sujeira atmosférica resultou em 0,22 caso do procedimento.

    “O estudo é o primeiro a mostrar que indivíduos vivendo em locais menos poluídos são mais sensíveis a mudanças na qualidade do ar”, explicou à imprensa o cardiologista Rafal Januszek, do Hospital Universitário da Cracóvia, que assina o trabalho. Para ele, os moradores de cidades poluídas teriam uma capacidade adaptativa maior, o que justificaria esse menor efeito de doses adicionais de PM10 na saúde.

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    No entanto, o risco absoluto de sofrer com os estragos da poluição é certamente maior nas pessoas que vivem sempre em áreas com ar imundo. Isso serve de recado para dizer que não vale a pena conviver em locais poluídos só para ficar “mais adaptado” aos efeitos da sujeira atmosférica.

    E o frio nessa história?

    No levantamento, os casos de intervenção cirúrgica para tratar o ataque cardíaco eram menos frequentes fora do inverno, independentemente do quão limpo era o ar da cidade. Os autores não chegam a discutir mecanismos, mas se sabe que os infartos são mais comuns no frio.

    As baixas temperaturas fazem os vasos sanguíneos se contraírem e elevam a produção de hormônios como a adrenalina, relacionados ao aumento da pressão arterial. Fora que o tempo seco e os ambientes fechados facilitam a transmissão de vírus e bactérias que podem sobrecarregar o peito.

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    Já o tempo seco dificulta a dispersão de poluentes na atmosfera. Por isso, no inverno as grandes cidades ficam mais poluídas — está aí uma das explicações para o maior número de panes no peito nessa época.

    Outros estudos epidemiológicos já mostraram que a contaminação do ar, por si só, é responsável por milhões de mortes decorrentes de doenças cardiovasculares. O trabalho polonês se junta a esses artigos e aponta a ameaça dos meses mais frios do ano. “Tudo isso indica que precisamos de mais controle na emissão de poluentes como medida de saúde pública”, finaliza Januszek.

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