A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a comercialização de mais um tratamento contra o câncer de mama no Brasil. Trata-se do palbociclibe, da farmacêutica Pfizer, que é voltado especificamente para os casos avançados, em que a doença já acometeu boa parte da região ou mesmo se espalhou para outros cantos do corpo.
São basicamente duas indicações para essa droga. A primeira envolve mulheres na pós-menopausa com tumores nos seios que são estimulados pelo hormônio feminino estrogênio, mas que não possuem relação com gene HER-2. Essas particularidades podem parecer um pouco complicadas, mas fique sabendo que tal perfil responde por mais ou menos 60% dos casos de câncer de mama.
Nessa situação, o palbociclibe entra em cena como primeiro tratamento de escolha em conjunto com o letrozol, um tipo de hormonioterapia que inibe a ação do estrogênio nas células cancerosas. Isso, como já dissemos, quando o tumor invadiu outros órgãos.
De acordo com os estudos que garantiram a comercialização, o palbociclibe e a hormonioterapia, juntos, foram capazes de frear a progressão do câncer, em média, por 25 meses. Já quando aplicada em associação com uma pílula sem qualquer efeito real, a terapia hormonal garantiu não mais do que 14 meses de sobrevida livre de progressão da doença.
Mas há ainda outro cenário em que o fármaco da Pfizer pode ser prescrito. Estamos falando de adultas em qualquer faixa etária nas quais aquele tipo de câncer de mama tenha avançado mesmo após o uso de alguma hormonioterapia isolada. Aí, ela entra como uma segunda linha de tratamento, em conjunto com outra substância – o fulvestranto.
Vale destacar que não estamos falando necessariamente de mais tempo de vida. As pesquisas mostram, acima de tudo, que a paciente que recebe o palbociclibe permanece um maior período com sua doença controlada – o que já é uma ótima vantagem principalmente em termos de qualidade de vida.
Como funciona o novo remédio
Em resumo, ele inibe a ação de moléculas que incitam a proliferação do câncer de mama e, de certa forma, impede que a doença desenvolva uma resistência contra a hormonioterapia. É por isso que os oncologistas prescreverão as duas estratégias em conjunto.
Por atuar de maneira mais seletiva, o palbociclibe oferece menos reações adversas do que as sessões tradicionais de quimioterapia. E pode ser administrado oralmente – sem a necessidade de infusões.
Quem vai ter acesso
No momento, o valor do palbociclibe ainda precisa ser discutido com as agências reguladoras nacionais. Mas é certo que, em um primeiro momento, ele sequer fará parte da cobertura obrigatória dos planos de saúde. No setor público, uma eventual incorporação deve demorar.
O remédio já está disponível desde 2015 nos Estados Unidos. E, na União Europeia, foi aprovado em 2016.
Cabe destacar, no entanto, que há mais possíveis tratamentos para outros subtipos da doença, em diferentes estágios. Quando o tumor é detectado em seus primeiros passos, a chance de cura é mais alta e envolve métodos mais conhecidos, como a cirurgia.