Câncer: quando casar aumenta ou diminui a chance de sobrevivência
Levantamento feito com quase 2 milhões de voluntários reforça o elo entre relações interpessoais e o sucesso dos tratamentos contra tumores
Amar e respeitar um ao outro na saúde e na doença, até que a morte os separe. A tradicional promessa feita por noivos que sobem ao altar ganhou mais importância em uma publicação recente no periódico científico Journal of Cancer Survivorship. De acordo com o estudo, conduzido por dois pesquisadores da Brigham Young University, nos Estados Unidos, um bom casamento favorece a expectativa de pacientes que lutam contra o câncer — na maioria, mas não em todos os casos.
Foram considerados dados de 779 978 homens e 1 032 868 mulheres. Eles foram diagnosticados com um tumor entre os anos de 2000 e 2008. O acompanhamento seguiu até 2013.
Combinando informações como estado civil e mortalidade, os experts notaram que os casados tinham maior chance de estar vivos cinco anos após o surgimento da doença. Isso valeu pelo menos para os seguintes tipos de câncer: cavidade oral e faringe, cólon e reto, mama, bexiga, pelve renal, melanoma, tireoide e linfoma. Curiosamente, os solteiros se saíram melhor quando a enfermidade atacava o cérebro ou o sistema nervoso.
Para o urologista Daher Chade, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, há diversos fatores por trás do achado. “Além do apoio em questões emocionais, o parceiro tende, por exemplo, a contribuir para a aderência ao tratamento”, comentou, em comunicado à imprensa.
Não houve diferença significativa quanto à leucemia e tumores no fígado, no pulmão e no pâncreas. De modo geral, viúvos, separados e divorciados foram considerados os mais ameaçados. É sempre bom lembrar, no entanto, que ter amigos e familiares por perto pode ser tão crucial quanto a presença de um marido ou da esposa.