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Câncer ginecológico: avanços permitem preservar fertilidade cada vez melhor

Novas técnicas terapêuticas possibilitam às mulheres manter o sonho da maternidade e garantir mais qualidade de vida após o tratamento

Por Gustavo de Oliveira Bretas, oncologista, via Brazil Health*
5 Maio 2025, 18h00
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Novas cirurgias e dispositivos ajudam a garantir o sonho da maternidade entre mulheres que tratam tumores no útero e em outras estruturas (Freepik/Freepik)
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Os tipos de câncer ginecológico, como câncer do colo do útero, endometrial e ovariano, representam cerca de 15 a 20% de todos os casos de tumores malignos em mulheres.

O que muitos não sabem é que uma em cada cinco dessas pacientes são mulheres com menos de 40 anos e que nunca engravidaram.

Tipicamente, essas neoplasias são tratadas por meio de cirurgias que envolvem a retirada total do útero e dos ovários, além de quimioterapia e radioterapia, que podem afetar diretamente os óvulos, impossibilitando gestações futuras.

No Brasil, o câncer é uma das principais causas de morte por doenças e, anualmente, cerca de 316 mil novos casos em mulheres são registrados. Aproximadamente 10% desses ocorrem em mulheres abaixo de 45 anos, que, na maioria das vezes, desejam ter filhos algum dia.

A boa notícia é que, graças aos avanços da medicina, mais de 80% dessas pacientes sobrevivem à doença. Por isso, olhar para a vida após o câncer, com qualidade e possibilidade de maternidade, é tão importante quanto o tratamento em si. Dessa forma, abordar estratégias de preservação da fertilidade e qualidade de vida é fundamental para mulheres jovens diagnosticadas.

+ Leia também: Por que os casos de câncer em jovens não param de crescer?

Diante dessa situação, existe uma tendência de aumento no uso de técnicas mais conservadoras nos tratamentos, que tentam remover o câncer minimizando danos aos órgãos reprodutivos. A indicação dessas abordagens vai depender do tipo de tumor, do estadiamento e da experiência da equipe médica responsável pelo cuidado da paciente.

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A preservação da fertilidade, por meio da medicina reprodutiva, também tem ganhado destaque nesse contexto.

Algumas das opções mais estudadas são:

  • Criopreservação de embriões: técnica que congela embriões formados pela fertilização dos óvulos com espermatozoides, oferecendo taxas mais altas de fertilização.
  • Congelamento de óvulos (oócitos): ideal para mulheres que ainda não têm parceiro ou não desejam utilizar esperma de doador neste momento.
  • Uso de hormônios (GnRHa): medicamentos que “desligam” temporariamente os ovários durante a quimioterapia, tentando protegê-los da toxicidade do tratamento. São mais usados e estudados em câncer de mama e linfomas, sendo pouco utilizados em neoplasias ginecológicas.

Cada uma dessas técnicas possui um objetivo específico e deve ser escolhida conforme a idade da paciente, a reserva ovariana, o tempo disponível antes do início do tratamento e o tipo de câncer.

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+Leia também: Duda: dispositivo brasileiro preserva fertilidade após câncer de colo do útero

Mesmo com o progresso descrito acima, muitas pacientes ainda enfrentam dificuldades no acesso a esses tratamentos, especialmente em países como o Brasil. Alguns dos principais obstáculos incluem:

  • Elevados custos, muitas vezes sem cobertura parcial por planos de saúde ou pelo sistema público.
  • Falta de informação ou preparo dos profissionais de saúde, que nem sempre discutem a fertilidade com suas pacientes.
  • Pouca oferta de serviços especializados em reprodução assistida, especialmente na rede pública.
  • Desconexão entre as equipes de oncologia, reprodução e obstetrícia, o que dificulta o acompanhamento a longo prazo.

Como resultado, muitas mulheres só descobrem que poderiam ter preservado sua fertilidade tarde demais, após o tratamento.

Superar os desafios da oncofertilidade requer mais informação, investimento e, principalmente, empatia. Cada caso deve ser individualizado, levando em consideração o prognóstico e o acesso aos tratamentos que preservam a fertilidade.

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Infelizmente, em alguns casos, a preservação pode ser inviável devido ao estágio e à gravidade da doença, mas todas as pacientes devem ser informadas sobre as opções disponíveis nesse cenário.

*Gustavo de Oliveira Bretas é oncologista e membro da Brazil Health

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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