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Câncer de colo de útero: sintomas, causas, relação com HPV e tratamentos

O terceiro tumor mais comum entre as brasileiras é causado pelo vírus HPV e pode ser prevenido por vacina e exames de rotina

Por Larissa Beani Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
15 set 2025, 14h27
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Teste de DNA-HPV consegue identificar câncer de colo de útero precocemente (Dercílio; Ilustração: Rodrigo Damati/Veja Saúde)
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Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 17 mil novos casos de câncer de colo de útero serão diagnosticados até o fim de 2025. É o terceiro tipo mais comum de tumor entre as brasileiras (atrás apenas do câncer de mama e do câncer colorretal), sendo o mais prevalente entre os cânceres ginecológicos.

Além disso, 7 mil mulheres morrem pela doença a cada ano — isso equivale a um óbito a cada 83 minutos, ou 19 por dia. Mas não precisa ser assim: há muitas formas de prevenir a doença.

“Quase 100% dos casos de câncer de colo de útero são causados pelo vírus HPV, para o qual temos uma vacina que consegue prevenir este e outros tumores associados ao vírus“, destaca Mariana Scaranti, referência nacional em oncoginecologia e pesquisa clínica na Oncologia Américas e no Hospital Nove de Julho.

Além da imunização, que está disponível nas redes pública e privada, as mulheres também devem estar com os exames de rotina em dia para afastar a doença.

“É possível tratar lesões pré-cancerosas e até mesmo o câncer precocemente, caso sejam flagrados em exames de rastreamento, como o papanicolau e o teste de DNA-HPV“, lista a médica oncologista.

A seguir, conheça as características desse tumor, como ele pode ser prevenido e quais são as possibilidades de tratamento e recuperação após o diagnóstico.

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O que é o câncer de colo de útero?

Também chamado de câncer cervical, este tumor surge na região inferior do útero, que conecta o órgão ao canal vaginal.

É a malignidade ginecológica mais comum em todo o mundo, mas pode ser erradicada por um conjunto de ações que inclui vacinação, incorporação de exames de rastreamento de alta acurácia e tratamento de lesões pré-cancerosas.

+ Leia também: Câncer do colo do útero: o risco invisível para mulheres jovens

Sintomas

O câncer de colo do útero costuma se desenvolver de forma silenciosa, manifestando sintomas apenas em estágios mais avançados.

Daí a importância de checar periodicamente a saúde íntima, pois exames de rastreamento podem diagnosticar a doença antes mesmo que ela gere desconforto e complicações à paciente.

Entre os sinais mais comuns deste câncer estão:

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  • sangramento uterino anormal (suspeita-se principalmente quando ocorre fora do período menstrual, após a menopausa ou após relações sexuais);
  • corrimento vaginal anormal (com cheiro desagradável e/ou presença de sangue);
  • dor pélvica persistente;
  • dor ao urinar;
  • perda de peso sem motivo aparente.

Causa: o HPV

A principal causa do câncer de colo de útero é a infecção por alguns subtipos do papilomavírus humano, mais conhecido como HPV.

Das mais de 200 variantes do vírus, 14 são oncogênicas isto é, podem induzir o crescimento de tumores malignos. Os subtipos cancerígenos do HPV mais comuns são os 16 e 18, responsáveis por até 70% dos tumores no colo do útero.

“Além de agredirem a parte inferior do útero, esses vírus também podem provocar câncer de pênis, ânus, vagina, vulva e orofaringe [região da boca e da garganta]“, alerta Scaranti.

O HPV é um vírus sexualmente transmissível e estima-se que até 80% da população mundial terá contato com algum subtipo dele ao longo da vida. O contágio por um tipo do vírus, porém, não ajuda criar imunidade ou resistência contra outros.

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Por isso, a vacinação, o rastreamento e tratamento precoce se fazem necessários.

+ Leia também: HPV de alto risco: quando devo me preocupar com a doença?

Fatores de risco

Alguns fatores podem aumentar o risco de complicações pela infecção do HPV. Pessoas imunossuprimidas e fumantes, por exemplo, têm maior risco de desenvolver câncer de colo do útero após contato com o vírus.

“Ter vários parceiros também pode aumentar o risco de contaminação pelo HPV, mas se engana quem pensa que ter um relacionamento estável te livra da ameaça”, alerta a especialista do Oncologia Américas. “Isso porque a pessoa pode contrair o vírus em um dado relacionamento e ele pode permanecer adormecido por muitos anos até manifestar sinais e se transformar em câncer”.

Prevenção

Ao contrário de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o contágio pelo HPV não é completamente prevenido pelo uso de preservativos.

“Isso porque a camisinha pode não cobrir todas as áreas infectadas pelo vírus, que é muito facilmente transmitido entre as pessoas”, explicou o ginecologista Agnaldo Lopes, diretor científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em evento de lançamento de uma pesquisa sobre a relação entre HPV e câncer cervical.

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É claro que o preservativo ainda é essencial na prevenção de gravidez indesejada e na transmissão de tantas outras ISTs, mas, quando falamos de HPV, é preciso aderir à imunização e aos exames de rastreamento.

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs uma Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer de Colo do Útero. O objetivo é atingir três metas:

  • que 90% das meninas estejam vacinadas contra o HPV até os 15 anos de idade;
  • que 70% das mulheres sejam examinadas até os 45 anos com testes de alta precisão;
  • e que 90% das pacientes com lesões pré-cancerosas ou com câncer de colo do útero sejam devidamente tratadas.

+ Leia também: HPV: entidade americana atualiza diretrizes de vacinação

Vacina contra o HPV

O HPV é a causa de quase 5% dos cânceres em todo o mundo — e pode ser combatido com algumas picadinhas.

No Brasil, há duas vacinas disponíveis para imunizar a população do vírus. A quadrivalente protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18, e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e nem clínicas particulares. E a nonavalente, presente na rede privada, combate os mesmos tipos, além dos 31, 33, 45, 52 e 58.

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Todos os homens e mulheres de 9 a 45 anos de idade devem se imunizar contra o HPV, recomendam entidades médicas. No entanto, apenas alguns grupos conseguem tomar a vacina pelo SUS. São eles:

  • Crianças e adolescentes de 9 a 19 anos;
  • Pessoas com HIV;
  • Transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea;
  • Pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos;
  • Vítimas de abuso sexual;
  • Imunossuprimidos de até 45 anos que não foram imunizados ainda;
  • Usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de HIV, com idade de 15 a 45 anos;
  • Pacientes com papilomatose respiratória recorrente a partir de 2 anos de idade.

Dos 9 aos 14 anos, a imunização é feita em dose única. Depois dessa idade, são três doses: a segunda e a terceira são dadas dois e seis meses após a primeira picada.

Para quem irá se vacinar na rede privada, com a nonavalente, o esquema vacinal é de duas doses para quem tem entre 9 e 19 anos (com intervalo de seis meses entre cada uma delas) e de três doses para aqueles que estão imunossuprimidos e tem de 20 a 45 anos.

Segundo estudo publicado em 2024 no renomado periódico The British Medical Journal (The BMJ), vacinação reduz em até 83,9% o risco de câncer do colo do útero e em 94,3% o surgimento de lesões pré-cancerosas.

+ Leia também: Adesão de jovens de 15 a 19 anos à vacina do HPV segue baixa

Exames de Rastreamento

O papanicolau e o teste de DNA-HPV são os exames indicados para acusar anomalias no colo do útero.

O papanicolau, também chamado citopatológico, é um exame tradicional que consiste em coletar células da parte inferior do útero para serem analisadas em laboratório se há risco de levarem à malignidade.

É um exame que deve ser realizado em mulheres com vida sexual ativa dos 25 aos 64 anos. Um ano após a primeira avaliação, a análise deve ser repetida e, caso não sejam observadas anormalidades, só é preciso fazer o exame novamente dali três anos.

Já o teste de DNA-HPV é um exame mais recente, capaz de acusar a presença do HPV na amostra. A coleta é feita da mesma forma que o papanicolau, mas, quando o material chega ao laboratório, é realizado um sequenciamento genético para encontrar o vírus — mesmo que não haja nenhuma lesão se formando naquele momento.

Isso faz com que o exame seja mais preciso e ajude a detectar casos muito mais precocemente. Um estudo brasileiro apontou o teste de DNA-HPV é capaz de prever o surgimento de um câncer até 10 anos antes de que ele se desenvolva.

Ambos os exames estão disponíveis no SUS. O teste de DNA-HPV, no entanto, ainda está sendo implementado e deve chegar a todo Brasil em 2026. A ideia é que, no futuro, ele substitua o papanicolau.

+ Leia também: Teste molecular para HPV: o que é, vantagens e desvantagens

Diagnóstico

A doença pode ser descoberta durante exames de rastreamento, com confirmação do casos mediante biópsia. Exames de imagem geralmente são solicitados para ter uma melhor dimensão do quadro.

Tratamentos

O tratamento do câncer de colo de útero varia muito de acordo com o estágio em que o câncer é diagnosticado. Em fases muito iniciais, uma cirurgia de retirada da região afetada, chamada traquelectomia, pode ser o bastante. O problema é que cerca de sete a cada dez brasileiras descobrem o câncer já em estágios mais avançados.

Por isso, é comum que seja realizada a retirada completa do útero e até de outras partes do aparelho reprodutor. Em outros casos, o tumor pode ser considerado inoperável.

Além do bisturi, pacientes com a doença podem precisar de quimioterapia, radioterapia ou braquiterapia.

“É um tratamento que pode comprometer a fertilidade da mulher e sua saúde sexual. Por isso, é preciso que a equipe médica esteja preparada para acolher dúvidas e angústias relacionadas a esses temas, ajudando-a a se adaptar ao novo cenário”, defende Scaranti.

Hoje em dia, por exemplo, há mais formas de preservar a fertilidade de pacientes com câncer, valendo-se de uma cirurgia chamada transposição ovariana (procedimento no qual os ovários são reposicionados no abdômen para que não sejam atingidos pela radiação do tratamento uterino), por exemplo.

 

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