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Brasileiro tem baixos níveis de vitamina D até no verão de Salvador

Estilo de vida mais urbano e a necessidade de se proteger dos raios solares podem levar à necessidade de suplementação

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 24 mar 2023, 14h21 - Publicado em 24 mar 2023, 14h11

O estilo de vida moderno tem diminuído os níveis de vitamina D da população brasileira. Uma nova pesquisa revela que até no verão, quando a exposição ao sol é maior, uma parcela significativa de pessoas saudáveis apresenta deficiência desse nutriente.

O estudo, publicado no periódico inglês Journal of the Endocrine Society, avaliou amostras de sangue de cerca de mil pessoas de São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Salvador (BA), coletadas durante os meses mais ensolarados do ano.

Entre os adultos saudáveis, de 18 a 45 anos, 15,3% apresentaram deficiência, que ocorre quando está abaixo de 20 ng/ml (nanogramas por mililitro).

“Essas características [idade, condição física e estação do ano] sugeriam uma alta probabilidade de que os níveis do nutriente estivessem bons, mas não foi isso que ocorreu”, avalia a endocrinologista Marise Lazaretti Castro, da Escola Paulista de Medicina (Unifesp).

+ Leia também: Europeus traçam novo limite mínimo para vitamina D. Isso vale aqui?

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Para o grupo de risco, que inclui idosos, imunossuprimidos e outros grupos que precisam mais da vitamina D, o déficit foi ainda maior. Metade deles tinha insuficiência da substância, quando ela está abaixo de 30ng/ml.

Segundo Marise, esse pessoal tem a indicação para suplementar o nutriente, mas anda negligenciando o assunto.”Isso tem ocorrido muito com pacientes pós-bariátrica, principalmente, que desaparecem dos consultórios após a cirurgia, e eles têm mais dificuldade de absorção de vitaminas pelo intestino”, alerta a médica.

Por que a vitamina D do brasileiro está baixa?

O estudo avaliou pessoas de diferentes capitais brasileiras para investigar fatores socioeconômicos e demográficos por trás da queda. A análise foi realizada por pesquisadores das Universidades Federais do Paraná e de São Paulo, Fundação Oswaldo Cruz e Obras Sociais Irmã Dulce.

Estar menos exposto ao sol é o principal fator relacionado a esses dados, uma consequência do estilo de vida nas grandes cidades. A obesidade e a vida em áreas mais distantes da linha do Equador são outras marcas de risco identificadas pelos pesquisadores.

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A população negra, que tem mais dificuldade de absorver a vitamina, é considerada um grupo de risco para a deficiência até entre em quem vive na ensolarada Salvador. “A melanina da pele age como um filtro solar, portanto, quanto mais escura a pele, maior deve ser a exposição solar para conseguir captar o nutriente”, explica a endocrinologista.

Como resolver a situação?

A vitamina D é produzida pelo corpo por meio do contato com o sol. Bastam cinco a dez minutos de sol forte, entre 9h e 15h. Só isso mesmo. Depois, é preciso passar o protetor solar. E ficar atrás de estruturas de vidro não resolve: a ideia é estar diretamente exposto ao sol.

Claro, a exposição ao sol exige cuidados. “Há risco de câncer de pele, principalmente nas pessoas de pele mais clara, sardas ou que com doenças autoimunes, como o lúpus”, pontua a endocrinologista.

Até por isso, Marise defende que a maneira mais segura de equilibrar os níveis de vitamina D é suplementando quando necessário. “Não dá para contar que as pessoas consigam mudar suas rotinas e passar a se exercitar ao ar livre, principalmente no meio das grandes cidades”, aponta a médica.

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A estratégia é indicada em especial nos grupos de risco supramencionados e em indivíduos com deficiência comprovada. No estudo, a suplementação orientada por um profissional diminui 60% de chances de os pacientes terem deficiência de vitamina D.

Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda ainda que bebês recebam a suplementação durante os dois primeiros anos de vida e, quando possível, curtam a luz do dia. “Eles são muito eficientes nessa absorção, então bastam alguns minutos”, pontua Marise.

+ Leia também: Quem são os indivíduos imunocomprometidos?

Riscos da falta e do exagero da vitamina D

Não dá para sair comprando vitamina D sem orientação profissional. Nas prateleiras a variedade de produtos é alta, e cada pessoa tem uma necessidade diferente, daí a importância da prescrição médica.

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É preciso avaliar exames, estilo de vida e, como vimos nesse estudo, o local onde se vive, o tom de pele e até a sazonalidade. Por exemplo, pode ser necessário aumentar o dose durante o inverno.

A falta da vitamina D afeta diretamente a saúde dos ossos e músculos, mas isso demora a ser percebido. “O quadro é assintomático e, quando leva à perda muscular ou às fraturas, é porque o nível já está abaixo de 12 ng/ml, uma deficiência importante”, pontua a médica.

A cada novo estudo, descobre-se mais benefícios desse nutriente. Se acredita, por exemplo, que ele colabore para a manutenção do sistema imune. “Não temos provas, porque teríamos de deixar de suplementar um grupo de risco, e isso não pode ser feito”, relata a endocrinologista.

Em estudos com indivíduos com pré-diabetes, a suplementação impediu que a doença evoluísse.

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+ Leia também: Nem muito nem pouco: o papel da vitamina D

Mas essa boa fama não significa que ela serve para tudo. Durante a pandemia de Covid-19, muita gente apelou para a superdosagem ou para a suplementação desnecessária, acreditando que isso ajudaria a tratar ou até prevenir a infecção pelo coronavírus. E não era bem assim.

“A questão é que esses benefícios costumam ser vistos em pessoas que tinham a deficiência e passaram a suplementar, até porque o corpo não absorve mais vitamina D do que precisa”, conta a médica.

Ao se automedicar, há o risco ainda de exagerar na dose. A intoxicação, quando o nível no sangue passa de 100 ng/ml, é perigosa. “Há aumento de cálcio no sangue, náuseas, vômitos, desidratação e o risco de evoluir para uma insuficiência renal crônica, com necessidade até de diálise de urgência”, relata Marise.

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