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As gestantes também precisam se preocupar com a dengue

As grávidas não devem se proteger do mosquito Aedes aegypti só por causa do zika. Novo estudo associa a dengue a um aumento no risco de morte maternal

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 26 fev 2019, 17h07 - Publicado em 31 jul 2018, 18h22
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  • O mosquito Aedes aegypti tem assustado as gestantes há alguns anos, quando o surto do zika foi relacionado a casos de microcefalia entre bebês cujas mães foram infectadas na gestação. Porém, esse inseto também ameaça a gravidez de outras formas. Um artigo publicado no periódico Scientific Reports aponta que a dengue catapulta em pelo menos três vezes o risco de falecer durante os nove meses de gravidez e logo após esse período – é a chamada morte materna.

    A pesquisa foi liderada pela brasileira Enny Paixão, epidemiologista do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz Bahia). Para o trabalho, ela e seus companheiros chafurdaram várias bases de dados públicas – como o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) –, coletando informações referentes ao período de 2007 a 2012.

    Após uma triagem inicial, os cientistas selecionaram 4 053 óbitos para uma análise minuciosa. Esses casos também foram comparados a 17 391 826 nascidos vivos.

    Daí veio o resultado: quando a dengue foi diagnosticada por análise dos sintomas (febre alta, dores de cabeça, cansaço, por exemplo), as gestantes corriam um risco três vezes maior de morrerem. Já no caso da confirmação da enfermidade por exame de sangue, a probabilidade era oito vezes maior, em comparação com grávidas não infectadas.

    Essa diferença tem motivo de ser. Muitas vezes, os sinais da dengue são confundidos com os de outras infecções, eventualmente mais brandas. Portanto, sem um teste de confirmação, não dá para saber se certos “episódios de dengue” eram, na verdade, outros problemas menos nocivos para as futuras mamães.

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    Agora, quando a paciente apresentava um quadro de dengue hemorrágica confirmado em laboratório, aquele número é ainda mais assustador. Frente ao tipo mais grave da moléstia, a possibilidade de a gestante morrer é 450 vezes maior.

    Também se constatou que a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia, complicações caracterizadas pelo aumento da pressão arterial durante a gravidez, eram mais frequentes no grupo infectado. E esses problemas, se não tratados, favorecem complicações para a mãe e o bebê.

    Por que a dengue afeta gestantes com mais intensidade

    No artigo, os pesquisadores afirmam que ainda é complicado definir a razão pela qual essa infecção eleva tanto o risco de morte materna. Uma das possíveis explicações seria a de que as mudanças no organismo típicas da gravidez aceleram o avanço da dengue.

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    Além disso, os autores pontuam que essas mesmas mudanças fisiológicas e outras possíveis complicações durante os nove meses esconderiam os sintomas de dengue hemorrágica, o que dificulta sua identificação precoce.

    O que é, afinal, morte materna?

    Segundo a décima versão da Classificação Internacional de Doenças (uma lista da Organização Mundial da Saúde que caracteriza todo tipo de enfermidade), esse termo é definido como “a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”.

    Os autores concluem o artigo dizendo que, apesar da saúde das gestantes já ser uma prioridade de saúde pública, é importante que os médicos deem uma atenção maior para aquelas que moram em locais com focos de dengue. “Quando a infecção for diagnosticada, a paciente deve ser acompanhada de perto”, conclui Enny Paixão, em comunicado à imprensa.

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